tag:blogger.com,1999:blog-4317029841499319722024-03-12T22:35:09.598-03:00DIÁRIO DA BERLINDA... Textos avulsos sobre o romance e outras coisas...Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/06070279918393230489noreply@blogger.comBlogger71125tag:blogger.com,1999:blog-431702984149931972.post-82345232698043345352018-08-30T13:21:00.003-03:002018-08-30T13:21:40.034-03:00Berlinda na estrada virtual<br />
<br />
O Diário da Berlinda continuará ativo. Meu romance vai ser publicado em e-book e vendido pela Amazon.Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/06070279918393230489noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-431702984149931972.post-33383132796393076852015-10-31T11:07:00.005-03:002015-10-31T11:25:57.010-03:00Ah, não fosse um porto!<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiIMOiGHFmO4HqX6JGKyGbG0NInkfyLQp63DKheDhXx_1luEQ11GTEtmoqkjcl3FyVOntDhss3sRYwt3zmqmPPmyq5CcaIBCs8eMYzIFB58gypRGLjMTnoWcP6hmzs45iFkTr8ws0qyyZfA/s1600/20150619_180904.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="360" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiIMOiGHFmO4HqX6JGKyGbG0NInkfyLQp63DKheDhXx_1luEQ11GTEtmoqkjcl3FyVOntDhss3sRYwt3zmqmPPmyq5CcaIBCs8eMYzIFB58gypRGLjMTnoWcP6hmzs45iFkTr8ws0qyyZfA/s640/20150619_180904.jpg" width="640" /></a></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-size: large;">Fiquei no exílio todo esse tempo por conta dos ventos, das idas e vindas das correntes. Gosto do Diário da Berlinda, não o quero como ilha distantes e sim como trilha da memória, na rota dos mergulhos em águas profundas e sutilezas da superfície. Não sei ainda como ficarei neste mirante, neste farol das minhas observações. Meu romance está por aí, nem sei por onde. Vou bater poeira na estrada. O "Berlinda - Asas para o fim do mundo" terá uma segunda edição. Por enquanto olho as coisas em volta e planejo uma nova viagem no barco das letras. Bom dia para os passageiros.</span></div>
Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/06070279918393230489noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-431702984149931972.post-22331491786451891142014-12-23T00:12:00.001-03:002014-12-23T00:35:44.638-03:00O Demônio não quer que acreditem nele<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg5JNHiKo6Z40J2hwmbQz50OSYBWqsyBEcbNSTmTXD6NI9qR2WpWY7h9SnMVHk4PrHGvygc4oKvMPZ_wkcD7vo8wFUyrfXu8ClZ6b4plasaev3F57mJTqGKgTtm7wkhWjcWaS8ktXs_jd7W/s1600/Engel.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg5JNHiKo6Z40J2hwmbQz50OSYBWqsyBEcbNSTmTXD6NI9qR2WpWY7h9SnMVHk4PrHGvygc4oKvMPZ_wkcD7vo8wFUyrfXu8ClZ6b4plasaev3F57mJTqGKgTtm7wkhWjcWaS8ktXs_jd7W/s1600/Engel.jpg" height="225" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Por onde andará Engel?<br />
<br />
<br />
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;"> Não dá para escapar de dezembro, é um
mês inevitável. Perdoem essa conclusão bineuronial em baixo dos caracóis de
louras madeixas, claro esteja. Os outros meses também o são, mas dezembro é
dezembro e acabou-se a história no cu da vitória como diziam algumas velhas
tias que devem estar no limbo e umas vizinhas folgazãs que jogavam um charme,
nem sempre discreto charme, sobre a rapaziada do bairro que estava “no ponto”.
Dezembro é foda, pois traz a sensação de que tudo terminou, de que o mundo
acabou, de que o que não foi para lixo foi pra baixo do tapete...<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;"> Mil
desculpas, mas aqui já confesso que tenho bronca de gente que baba ao fazer
pregação do descarte. O que é isso? Dá a impressão que a vida é um monte de
copinho de plástico de cafezinho de repartição ou copo ao lado do bebedouro da
sala de espera que às vezes nem água gelada tem na torneirinha indicada para a
sede do sedento cliente. E pasmem! Esse é um risco que todos os nós corremos:
ter cara de copo de plástico, um iplaczinho vagabundo amassado na mão do
distinto ou da distinta e que se não acabar na lixeira pode ir para lugar
incerto e não sabido ou entupir os bueiros da vida.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;"> <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;"> Tudo é bem mais simples. Dezembro é a última
folha do calendário, as últimas páginas das agendas que já bastariam para dizer:
te cuida capivara que a maior façanha do Demônio é fazer que ninguém acredite
nele. A referência ao Demo (não é videoclipe, pliss!) peguei no romance
Shikasta, da escritora Doris Lessing, que morreu em novembro do ano passado, em
Londres. Era filha de ingleses, nasceu na Pérsia e viveu muitos anos na África.
Preciso ler mais livros dela, romances que fui comprando ao longo tempo, mas
que fazem parte do que chamo minhas leituras avulsas. Eles estão sempre à vista
e lá uma hora eu pego algum e me deixo levar.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;"> Você
acredita em dezembro? Acha que ele fechou um ciclo? Você está enlouquecidamente
fazendo lista de prioridades e promessas para o próximo ano achando que viverá
o neo Renascimento? Remoendo pecados que não quer mais cometer? Dezembro é
igual ao Demônio e nem se abala com o sinal da cruz. Você não precisa acreditar
em dezembro, ele nem abre mão dos seus disfarces esgueirando-se entre uma tal
generosidade que enche o saco de todos os Noel, Santa Claus ou Saint Nicholas
ou sabe lá quem mais que se arvore a ser doador de alegrias e felicidades
devidamente contabilizadas. É um mês em que os sonhos custam caro e deixam
muita gente no vermelho.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;"> Daí
que a tal generosidade também pode ser precificada. Arrisco-me a levar pedradas
ao lembrar que “A esmola quando é muito, o santo desconfia”. Será? Numa terra
onde há mais oratórios do que santo como o Brasil, a esmola tem beirado os
milhões e bilhões de reais e ou milhões de dólares dependendo do freguês sem
ter que dividir tanto pelos milagreiros. Esmola ganhou o pomposo nome de
propina, de dinheiro lavado pela corrupção e pelo tráfico.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;"> Pois
é, tempos de festa e eu aqui com essa dureza de alma. E quem vai querer ouvir
uma alma descrente quando a maioria não quer nem passar ao lado dos
desmancha-prazeres? <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;"> Vou
fingir que sucumbi, até porque dezembro não veio pra me deixar triste, mesmo
com toda a carga de tristeza que ele esconde do outro lado do jegue que se
mostra apenas num ângulo lateral. Sem falar nas coitadas das renas carregando o velhote
gordo com sua montanha de presentes. É mole? Nem tecnologia e nem inovação para poupar
os pobres animais do peso da carga...<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;"> Pois
bem, a semana passou e não consegui escrever no sábado e nem no domingo. Alguns
compromissos irrecusáveis me tiraram de casa. Dezembro faz a mágica de resgatar
gente que andava sumida ou pelo mundo. Isso é o bom da história. Mas mexe com minha crescente sociofobia.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;"> Nem
em foto pensei para colocar no meu Diário da Berlinda, até que fui salvo por um
amigo alemão que me mandou uma imagem de lá das terras de Deutschland, onde
aparece uma placa com o nome Engel, um dos personagens do meu livro. É incrível
como personagens ganham vida e assim aconteceu, Engel veio me visitar em
companhia do amigo Gunter, dois maluquinhos, um na ficção e outro do mundo
real.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;"> É
uma coisa que começou desde que comecei a escrever. Os personagens acabam
povoando nosso mundo real. E dizem coisas, deixam pistas, pensamentos,
provocações como esse trecho do capítulo final de Shikasta, de Doris Lessing.
Na solidão de uma cidade que está sendo construída, o personagem escreve sobre
os homens, iguais ao longo das eras:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<i><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;"><br /></span></i>
<i><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;"><br />
“Pobre povo do passado, pobre povo, tantos e tantos, por milhares de anos, sem
saber nada, tropeçando e procurando e desejando algo diferente, mas sem saber o
que lhes tinha acontecido, nem o que desejavam.”<o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<i><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">“Não
posso deixar de pensar neles, nossos ancestrais, o pobre animal-homem sempre
matando e destruindo porque não podia fazer diferente.”<o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<i><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">“E
isso continuará para nós, como se estivéssemos sendo erguidos lentamente e
envoltos e purificados por um vento suave e cantante que limpa nossas mentes
confusas e nos protege e cura e nos alimenta com ensinamentos jamais
imaginados.”<o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<i><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">“E
aqui estamos nós, todos juntos, aqui estamos...” <o:p></o:p></span></i></div>
</td></tr>
</tbody></table>
<br />Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/06070279918393230489noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-431702984149931972.post-18191018572122164002014-12-14T00:49:00.001-03:002014-12-14T01:03:47.658-03:00Sob as luzes de dezembro<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjIjgf4-hIdFWmQsDFTrIqB8lPtVEg3jkxicMyAXCniOWUwNrf9ESQ0UqOX9AlSFmzd-f6sjRyFRCPHSaqY1SPINuQEZWnZZzcCW_uDCcV2K-3kAJUuG4xmTFe1z02kUX5gXd6JfB3cHmtw/s1600/Natal2014-12-13+23.16.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjIjgf4-hIdFWmQsDFTrIqB8lPtVEg3jkxicMyAXCniOWUwNrf9ESQ0UqOX9AlSFmzd-f6sjRyFRCPHSaqY1SPINuQEZWnZZzcCW_uDCcV2K-3kAJUuG4xmTFe1z02kUX5gXd6JfB3cHmtw/s1600/Natal2014-12-13+23.16.jpg" height="640" width="432" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">A velha árvore de Natal voltou à sala depois de ser esquecida por muitos anos<br />
<br />
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Dezembro é um
mês que nos faz, inevitavelmente, olhar para trás, não importa a distância já
percorrida até aqui. Às vezes só nos damos conta disso bem tarde, mas todos nós
iremos um dia nos defrontar com esse instante. Penso que comigo tudo foi muito
precoce. Andei lado a lado com a tristeza e a alegria muito cedo e elas não
precisaram se apresentar com a pompa dos grandes bailes ou a dor imensurável
das grandes tragédias. Já faziam parte da minha natureza e posso até dizer que
são quase como minhas células-tronco tal a capacidade de autorrenovação. São
autorreplicantes e podem se transformar se for o caso e, na minha visão, têm
fôlego de sobreviventes. E mais, são capazes de virar outra célula como uma
metamorfose ambulante.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;"> Dezembro não é triste, eu é que brigo com uma
melancolia natural que me acompanha desde cedo, mas que cede seu lugar quando
lanço mão de coisas que podem ser pequenos atos como dar meu tempo a alguém,
escutar uma música, ler um livro, escrever, desenhar, assistir um filme,
pensar, viver minhas saudades e o direito de ser triste quando a tristeza é
necessária para me despertar para a vida. Não preciso de megaeventos para achar
que sou um ser privilegiado. Acredito que ao longo do tempo aprendemos a
construir pequenos artifícios para transitar pela claridade, pela sombra, pela
luz difusa das transições que nos acompanha no final dos ciclos. Aprendi uma
dureza que se aprende na luta do rochedo contra o mar, com muita disciplina. Mas
não temo mostrar minha fragilidade como coisa de fracos, pois ela é um desafio
importante a duas coisas que nos tornam humanos melhores: sentimento e inteligência.
O que nos fragiliza pode fortalecer nossa percepção. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Dezembro é
assim, dividido entre banquetes e mesas vazias. Não é o mês em si que pode me
deixar <i>down</i>, mas lembro de quando eu
percebi que ele simbolizava solidão. Eu estava em Berlim e recebi uma carta de
um amigo muito querido que morava em Stuttgart me convidando para passar as
festas com a família dele, que não era bom ficar sozinho no Natal. Há muitos
anos eu já nem sabia o que era passar as festas de final de ano em família, em
especial depois que meus pais morreram. Algumas vezes eu estava fora de Belém,
batendo perna pelo mundo, algumas vezes num plantão de redação e outras vezes,
desde que saí de casa, trancado no meu apartamento, quieto e sem espírito
natalino. Acho que depois que a gente perde o tal espírito natalino ele jamais
será resgatado. Não falo isso em tom de lamento e, nessa perspectiva, dezembro
ficou menos dramático para mim.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Dezembro, melhor
deixá-lo como é senão a emenda sai pior que o soneto. Assim penso.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Dezembro e seu
tecido esgarçado, roto, com alguns buracos, fiapos, com manchas de vinho maculando
o branco linho da toalha bordada, trilhas de migalhas de rabanada. Dezembro da
velha árvore natalina, a lembrança de um presépio que se perdeu no tempo, ecos
de vozes e risos. Tudo isso se passava na minha cabeça na viagem de trem entre
Berlim e Stuttgart. Cheguei à gare e meu amigo me esperava com um sorriso
acolhedor. E veio a noite da ceia. Vários amigos da família passaram para
visitas e troca de votos e presentes. Em mim havia alegria e uma estranheza de
estranho no ninho. Lembro que ganhei uma camisa quentinha, cor de telha. Mas
não havia a grande aglomeração como nas casas brasileiras, como na minha casa. Mas
na verdade nada de novo, só o frio rigoroso do inverno.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;"> Dezembro logo se vai. Tem gosto de tanta
coisa. O pior é a sensação de ausência. Hoje senti saudade do Willi Hoss, esse meu
amigo alemão que já não está mais por aqui. Lembrei das nossas caminhadas
trocando ideias, jogando conversa fora, saboreando a vida com a sabedoria na companhia de um
homem de bem, simples. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;"> Dezembro me faz pensar na falta que faz essa
simplicidade do ser, dos encontros descontraídos, do se dar incondicionalmente, do não artificializar os
sentimentos ou a emoção, do não trapacear, do não abusar da arrogância de se achar o centro
de tudo. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;"> Dezembro trouxe de volta a árvore de Natal
que eu não gostava mais de armar. Criou um elo com algumas lembranças que eu
queria resgatar, lembranças felizes para compensar o peso de algumas perdas
importantes, este ano, que me balançaram, que me tiraram do eixo. Mas há em
tudo isso, também, um ritual de libertação. Dezembro passará. Eu passarei.
Todos nós somos passageiros levando na bagagem o que fomos recolhendo pela
vida, Diamantes ou bijuterias. O que importa? Cada um sabe o que guarda seu
relicário.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
</td></tr>
</tbody></table>
<br />Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/06070279918393230489noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-431702984149931972.post-76356378103658549282014-12-07T13:08:00.000-03:002014-12-07T13:50:20.919-03:00Paulo Nunes, Franciorlis Viana e Jamil Damous<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgCobgBsz5e3mvEyK2Dqnt_whJqR-B19KU4UWjdTnqd71WRgcV5UMIsZqxd9zAYyII8WPKDBMwQM7KHybkiJPDkeJIB4XWY5sSVIVgb6FGDs6JGKgTBE9HTOD5XtxofwuFbv5QqQonrBynd/s1600/Leterra_2014-12-01+10.54.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgCobgBsz5e3mvEyK2Dqnt_whJqR-B19KU4UWjdTnqd71WRgcV5UMIsZqxd9zAYyII8WPKDBMwQM7KHybkiJPDkeJIB4XWY5sSVIVgb6FGDs6JGKgTBE9HTOD5XtxofwuFbv5QqQonrBynd/s1600/Leterra_2014-12-01+10.54.jpg" height="322" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Olho minha Lettera e é como se cada tecla
mexesse com minhas memórias. Foi presente de uma amiga, Maria Elisa Guimarães,
professora de Filosofia. Virou peça do meu museu particular, mas me acompanhou
por muitos anos, até que o computador entrasse definitivamente na minha vida.
Esta semana passei em duas lojas e vasculhei na internet as promoções do
</span><i style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">e-reader</i><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">. Os preços despencaram e são tentadores. As coisas vão mudar no meu
modo de ler, mas não vão eliminar os rituais vividos a minha vida toda no meu
universo dos livros, que não perdem o encanto dos fetiches. Tanto que...</span><br />
<br />
<br />
<div style="text-align: justify;">
<div class="MsoNoSpacing" style="text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">... Estarei de
olho em lançamentos para os quais fui convidado, ainda que virtualmente:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;"> Dia 10, o escritor e poeta Paulo Nunes, lança
o seu livro “Gitos – meus minicontos amazônicos”, pela editora Paka-Tatu, às seis
e meia, na Fox da Dr. Moraes.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Dia 11,
Franciorlis Viana apresenta seu livro “Fantasilhoso”, no IAP, ao lado da
Basílica de Nazaré, às sete da noite.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">No dia 20, o
poeta e compositor Jamil Damous vem a Belém lançar o livro de poesia “O Rei do
vento”, a partir das cinco e meia, na Praça do Artista do Centur, com um grande
show que traz para o palco amigos e parceiros do autor como Nilson Chaves, Vital Lima, Lucinnha Bastos, Juliana Sininbú, Ana Clara Nassar Matos, Andréa Pinheiro, Simone Almeida, Renata de Paula, Pedrinho Cavalléro, Armando Hesketh e Paulo R.C. Guedes. Haverá letiura de poemas cm Emanuel Maros, Geraldo Salles, José Gondim, Yeyé Porto e Marina Lúcia.</span><br />
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;"><br /></span><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;"> O mundo analógico traz o calor e a emoção dos encontros como nos velhos tempos, com olhares e abraços, a alegria da presença e eu ainda não consigo imaginar o lançamento de um <i>e-book</i> com essa energia circundante. Os convidados teriam de levar seus <i>e-readers</i> e na hora do autógrafo tradicional contar com algum aplicativo para ser usado via <i>touch screen </i>para pressionar a digital em algum ícone biométrico do aparelho. Quem sabe até uma leitura da íris! </span><br />
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;"><br /></span><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;"> O novo leitor está a caminho, mas a travessia acredito que ainda vá durar algum tempo nesses tempos de alta velocidade na mudança dos padrões tecnológicos do consumo, comportamentos e novos hábitos. Eu ainda sofro aqui ao ver montes de livros empilhados no apartamento, disputando espaços cada vez menores para ocupar. São que nem posseiros.</span><br />
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;"><br /></span><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;"> No universo das novas tecnologias é fascinante saber que poderemos levar num aparelho que se ajusta na palma da mão e que pode nos acompanhar numa mochila durante um giro pelo mundo levando o equivalente à Biblioteca de Alexandria, destruída num incêndio por invasores árabes no ano de 646 d.C. Caminhamos para o mundo sem papel. As florestas viverão uma nova trégua ainda que isso não lhes garanta o desmatamento zero.</span><br />
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;"><br /></span><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;"> Não verei esse dia como coisa cotidiana. Fico dividido numa saudade de um tempo que se foi e outro que virá - saudades do futuro, juro!. Virá com o desejo de ter essa nova e inovadora realidade plenamente. Acho que minha alma se queda numa séria crise de identidade. Tenho uma visão mundana dos anos 20 e 30 do século passado e a miragem de um futuro onde a única coisa analógica que gostaria de ter era o amor, qualquer maneira de amor...</span><br />
<br />
<div class="MsoNoSpacing" style="text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<br />
<div class="MsoNoSpacing">
<br /></div>
</div>
</div>
</td></tr>
</tbody></table>
Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/06070279918393230489noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-431702984149931972.post-20437563405585073412014-11-29T23:18:00.000-03:002014-11-29T23:22:37.529-03:00Adeus, PD James!<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgYw0oWEwvyfOIGya-_J-lRpbYEiEO-f0B0x3nE9Qztk7JlKoqeSd0v-7iYRHrrJZ4HB8W1K9suySvCknEIHOFLcHBjdqqVRG2NKrsgFDt7SoL4UCTyQdSdCGDorRyDBnzFT3J7x7GLpxU9/s1600/PDJames.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgYw0oWEwvyfOIGya-_J-lRpbYEiEO-f0B0x3nE9Qztk7JlKoqeSd0v-7iYRHrrJZ4HB8W1K9suySvCknEIHOFLcHBjdqqVRG2NKrsgFDt7SoL4UCTyQdSdCGDorRyDBnzFT3J7x7GLpxU9/s1600/PDJames.jpg" height="400" width="356" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">PD James faz parte de uma saga de escritoras de romances policiais<br />
que nos deram tipos inesquecíveis como os detetives<br />
Cordélia Gray e Adam Dalgliesh criados pela escritora.</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">2014 parece um
ano de extermínio. No dia 27 de
novembro, morreu a escritora inglesa Phyllis Dorothy James, Baronesa James de
Holland Park, título concedido a ela pela Rainha Elizabeth II. PD James, como
era mais conhecida, é uma das minhas escritoras preferidas no mundo das
histórias policiais, um gênero que sempre povoou minha cabeça e que hoje me
mostra que eu gostaria de ser um escritor de livros policiais. Mas isso será
apenas um sonho, nada além disso.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">PD James morreu
aos 94 anos e sempre penso que a imortalidade do autor conferido pelas obras deveria
ser também a do mortal. Escritores deviam ser como vampiros, viver mais de 500
anos, com juventude eterna e mente criativa para produzir o máximo que pudesse.
Mas são mortais e deixam o vazio dessa ausência.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Perdemos as
referências de nosso tempo, não importa se essas pessoas morem na mesma cidade
que a gente, ou em Oxford, como PD James. É como se fossem parentes de convivência
tão próxima que dizer adeus fica difícil.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Preciso
acreditar que essa saudade é boa e que vai me fazer olhar a vida com gosto. Por
hoje é só. Não sinto vontade de escrever. Aliás, há algumas ideias tomando
forma e alguns textos em produção. Preciso mergulhar de novo nas águas das
letras e ver o que trarei à superfície.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;"><br />
Adeus, PD James!<o:p></o:p></span></div>
Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/06070279918393230489noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-431702984149931972.post-90713198852869754092014-11-22T23:30:00.000-03:002014-11-23T10:29:06.511-03:00Pequena mostra em preto e branco<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiQtHXk2vP7uOaMwcUfH4FkmGBTmjzkNN5_HvKJqO43U1g9rTDYImUut8avfMydfnbMkDSI-W2mqJkhvV3mjCAKu-3YMAeCwC1QIRiOFzeSAi8VvO8uL6PKIeqXR9HBeQiQlu9xOV0NqJu0/s1600/55_editada.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiQtHXk2vP7uOaMwcUfH4FkmGBTmjzkNN5_HvKJqO43U1g9rTDYImUut8avfMydfnbMkDSI-W2mqJkhvV3mjCAKu-3YMAeCwC1QIRiOFzeSAi8VvO8uL6PKIeqXR9HBeQiQlu9xOV0NqJu0/s1600/55_editada.jpg" height="262" width="400" /></a></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhC0M2Ed8vA1Sx7jzstJpBrQtio8lw9l8NUhAfcKOiD_tO0PFpr3PHDi8Ht4nTIoJQ2B9Op5XW_jx3q9WnsIMK043g6SXeHIWpp85H2_pYlwcZ3QsOlAPJhE_pE0sYzPMnO2FL4YnLsN35m/s1600/DSC_0036_editada.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhC0M2Ed8vA1Sx7jzstJpBrQtio8lw9l8NUhAfcKOiD_tO0PFpr3PHDi8Ht4nTIoJQ2B9Op5XW_jx3q9WnsIMK043g6SXeHIWpp85H2_pYlwcZ3QsOlAPJhE_pE0sYzPMnO2FL4YnLsN35m/s1600/DSC_0036_editada.jpg" height="265" width="400" /></a></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh0QfUnO_PJy1eyFxx1x1Je58JKlogj5JnlwfSWr1cYXO9znUrM0vqsLF-54f_IlB3_skERkaKCtHlvgTgwiDwnjChScMN0D3f0-Zd_MDVQFpJt8cJFQLrNikPhVI3G5xexaViorPlpyKld/s1600/DSC_0098_editada.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh0QfUnO_PJy1eyFxx1x1Je58JKlogj5JnlwfSWr1cYXO9znUrM0vqsLF-54f_IlB3_skERkaKCtHlvgTgwiDwnjChScMN0D3f0-Zd_MDVQFpJt8cJFQLrNikPhVI3G5xexaViorPlpyKld/s1600/DSC_0098_editada.jpg" height="248" width="400" /></a></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgdkH-lt0UJC0NQnKtxNGeN9lovkQO3wTF2GYd22mwR5_eq5l0dlTDwZ3iq01HZbKmcn9zHZYQydza9AoJqwsnCFVbDxa7cQozifjjQCujRBrYlm6Hzqiu_a1r16cyonTL7uqiMTB0y-kxU/s1600/DSC_0143_eeditada.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgdkH-lt0UJC0NQnKtxNGeN9lovkQO3wTF2GYd22mwR5_eq5l0dlTDwZ3iq01HZbKmcn9zHZYQydza9AoJqwsnCFVbDxa7cQozifjjQCujRBrYlm6Hzqiu_a1r16cyonTL7uqiMTB0y-kxU/s1600/DSC_0143_eeditada.jpg" height="265" width="400" /></a></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgT8oAoKdnnzntqgyM5qutACLcIZaRHPMe4XsoXN-rCwEu9_jrXuvEXSr42tiEcB0ckSYKq5e34E5Oy9tJEABBurh6KPLcNXilXKwmxzZetoCv884oCZK1K72_ONTEMj2iLPEZj60V36Gbu/s1600/pedreira_008_editada.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgT8oAoKdnnzntqgyM5qutACLcIZaRHPMe4XsoXN-rCwEu9_jrXuvEXSr42tiEcB0ckSYKq5e34E5Oy9tJEABBurh6KPLcNXilXKwmxzZetoCv884oCZK1K72_ONTEMj2iLPEZj60V36Gbu/s1600/pedreira_008_editada.jpg" height="266" width="400" /></a></div>
<br />
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
<div style="text-align: center;">
Durante cinco dias publiquei no Facebook fotos em preto e branco, incentivado pela fotógrafa Gysa Chris. São recortes de Belém feitos a partir da janela do meu apartamento, com exceção da foto do barco, feita na baía do Guajará. Inauguro aqui uma pequena galeria na Berlinda, onde sigo viagem colhendo novas histórias para contar depois.</div>
Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/06070279918393230489noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-431702984149931972.post-13921614968514693782014-11-15T23:52:00.000-03:002014-11-15T23:54:43.235-03:00Palavra e despalavra<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiJGspXttNhJxCZDKSeMAk5wX25iBK4fZNlk4K4mcQpOAA5ZigTCTS_hELIFyAXxzH_8t_a62-rn0C1LRjqkoCHgIMZcwD1bxtgaJRP-j_K6CSweIeWpQBzdkTylaZgvqD1WDRImSqDJtrl/s1600/JMeditada_3.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiJGspXttNhJxCZDKSeMAk5wX25iBK4fZNlk4K4mcQpOAA5ZigTCTS_hELIFyAXxzH_8t_a62-rn0C1LRjqkoCHgIMZcwD1bxtgaJRP-j_K6CSweIeWpQBzdkTylaZgvqD1WDRImSqDJtrl/s1600/JMeditada_3.jpg" height="270" width="400" /></a></div>
<br />
<br />
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">A nudez dos
anjos e dos homens concretizadas na tela nada revela além do corpo, da forma,
mas é uma ode ao organismo vivo e ao mesmo tempo ao ser etéreo na composição do
artista. Alguns dizem que o corpo é a casa da alma ou o seu cárcere, que não
pode ser maculado para não macular a alma. Mas a alma não precisa da pele. Ela
já flutua no divino líquido amniótico, onde a nudez não é castigada. A nudez todos
podem ocultar sob ricas sedas e armaduras, por convenção ou punição. Mas o nu é
concebido sem pecado. No mais, a contemplação e o desejo podem mudar a sentença
na criação do elogio ao belo e aos homens e mulheres dizer que a nudez pode ser
premiada pelas ondas da paixão, pela febre do amor, pela arte a botar beleza em
nossos olhos e em inesquecíveis noites e madrugadas. Ou à luz do dia.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Esta tela é de Hostyano,
um artista brasileiro, preciso conferir de que estado nordestino. Assim que
souber detalhes, volto aqui para atualizar informações.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Conheci esta
tela há anos, na casa de um amigo que pra mim é um espaço encantado. Atualmente
nos vemos pouco, mas qualquer brecha para um encontro já me deixa imensamente
feliz. Como já disse outra vez, ir vê-lo é como se vivesse uma versão do conto Música
para Camaleões, de Truman Capote, um escritor que está entre os meus
preferidos. Com direito a chá e bolo caseiro. Ele é muito discreto e por isso
não digo seu nome, posso batizá-lo de Wolf, um desgarrado. Tem testa alta e ar
nobre. Olhinhos brilhantes, buliçosos e voz que prende pelo timbre e pelos
causos contados.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Fui visitá-lo na
sexta-feira. 15. Arranjei um pretexto rapidinho: devolver um livro do Goethe,
um diário do autor sobre sua viagem à Itália. Quando a porta de abriu, meu
olhar começou a passear pelas paredes do corredor, uma galeria. Na sala, entre
tanta beleza, há três telas do Waldir Sarubi que me deixam encantado. E mais
não digo, por egoísmo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Entre conversas
sobre literatura – eu adoro quando me traz livros de poetas chineses e lê
alguns trechos ou me deixa passear os olhos pelas páginas incríveis, com
poesias traduzidas e no original, que mais parece um bordado desenhado. E a
conversa desvia para lembranças e vida alheia. Nossas angústias e sonhos.
Solidão e saudade. E um desfile de gente que passou por nós, desde a época em
que eu pensava se o teatro a casa que eu queria habitar.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Inevitável que
os mortos viessem à tona. Mas a tarde voltou-se para Manoel de Barros, o poeta
mato-grossense que morreu no dia 13. O livro do Goethe me fez ver a imagem
nascendo da palavra ou a palavra materializando-se em imagens. E eu encerrei a apresentação
que eu ia fazem, com uma visão poética que descobri num poema de Manoel de
Barros, chamado:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">DESPALAVRA<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Hoje eu atingi o reino das imagens, o
reino da despalavra.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Daqui vem que todas as coisas podem ter
qualidades humanas<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Daqui vem que todas as coisas podem ter
qualidade de pássaros.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Daqui
vem que todas as coisas podem ter qualidade de sapo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Daqui
vem que todos os poetas podem ter qualidade de árvore.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Daqui
vem que os poetas podem arborizar os pássaros.<br />
Daqui vem que todos os poetas podem harmonizar as águas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Daqui
vem que os poetas devem aumentar o mundo com suas metáforas<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Que
os poetas podem pré-coisas, pré-vermes, podem pré-musgos.<o:p></o:p></span></div>
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">Daqui
vem que os poetas podem compreender o mundo sem conceitos.</span><br />
<div class="MsoNoSpacing">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">
Que os poetas podem refazer o mundo por imagens, por eflúvios, por afeto.</span>
<o:p></o:p></div>
Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/06070279918393230489noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-431702984149931972.post-10281748280377789492014-11-09T13:56:00.002-03:002014-11-09T21:34:07.278-03:00Quatro pedrinhas nos jogos da memória<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh-cwP6LkWFGwr4bIwLxtkZ2V78N4_kcmNhZffAyvNNSBkMkVCPLwJH1rplTauVATapwAaiLRCyhmgnMoIBx73J62RhkGmxBHAii3s5qWTNF6P_mXaZ4xUDscS-r-p718FzjwZ_VptEZScy/s1600/Pedrinhas.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh-cwP6LkWFGwr4bIwLxtkZ2V78N4_kcmNhZffAyvNNSBkMkVCPLwJH1rplTauVATapwAaiLRCyhmgnMoIBx73J62RhkGmxBHAii3s5qWTNF6P_mXaZ4xUDscS-r-p718FzjwZ_VptEZScy/s1600/Pedrinhas.jpg" height="225" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Imagem BG, o Trabante (ou Trabi) famoso carro da Alemanha Oriental. Ele virou<br />
peça de colecionador e da Ostalgie, onda de nostalgia da antiga Berlim.<br />
<br />
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Quatro
pedacinhos de pedra. Não são amuletos, mas é incrível como eles têm a <i>vibe</i> de Berlim, como uma grande cutucada
nas minhas emoções. Não seria diferente, ainda que eles sejam <i>souvenir</i> do muro. A partir deste
domingo, a cidade estará sob novas luzes com a festa dos 25 anos da queda do
muro. Em pensamento – e em sentimentos -
estou por lá. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;"> É outra Berlim. Mudou. Há uma nova geração
escrevendo a história desse tempo, sem o mesmo entendimento e afetos dos velhos
símbolos de uma época de riqueza antes da guerra, do terror da guerra e dos
anos sombrios que vieram com a divisão de fronteiras e de corações, até que veio 1989, quando o jogo mudou e desmontou o tabuleiro da guerra fria.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;"> Entre e idas e vindas, estive em Berlim cinco
vezes, na primeira, ainda havia o muro e foi uma sensação esquisita apanhar um
ônibus no centro da cidade, na famosa avenida Kudamm, e atravessar pro lado
oriental a partir do Check Point Charlie. Fiz poucas fotos desse passeio,
usando ainda filme colorido, em negativo. Elas se perderam em algum trajeto
depois que saí da casa que era dos meus pais e fui morar só. </span><br />
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;"><br /></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;"> Não eram fotos espetaculares, só
registros de viagem, sem valor jornalístico e, acho que, nem mesmo sentimental.
Eram fotos amadoras, tiradas no modo automático e algumas estavam desfocadas. O
melhor arquivo ficou mesmo por conta da minha memória. E da minha bagagem de marinheiro
de primeira viagem para quem tudo virava <i>souvenir</i>,
de um postal de propaganda a um papel de bala. Até hoje guardo dois pulôveres
que relutei em me desfazer.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;"> A primeira pedrinha que eu ganhei veio logo depois
da queda do muro, era um pedacinho de concreto que de um lado tinha vestígio de
tinta em verde e amarelo. Não lembro muito bem onde foi parar. Mas lembro de
que durante um bom tempo eu a levava comigo para onde ia, no bolso da camisa,
na calça, na mochila e me achava uma pessoa absurda por causa disso. Acho que
era tentativa de compor algum personagem que poderia aparecer um dia. E
apareceu. Já existia, na verdade.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;"> Eu o encontrei escondido atrás das páginas de uma
coletânea de contos alemães. Quando li <i>História
cotidiana de uma rua berlinense</i>, de Günter Kunert, vivi aquele instante em
que a gente não sabe se o que se está sentindo tem algum sentido, se é verdadeiro
ou apenas o impacto provocado pela emoção tecida no tear do autor. Mas não
parei de ler e fui até o fim na mesma hora para saber o que resultaria desta
provocação. Como eu previa: alegria e tristeza num única célula. A esperança e
a solidão do senhor Davi Platzker, o personagem, é tocante. Entre as ruínas de
Berlim no final da guerra, ele procura recompor na memória o que era a cidade,
olhando um velho mapa urbano. E no meio da ruína, depois de algum tempo de
contemplação, descobre que já estava na rua que procurava, a antiga rua onde
morou.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;"> Há uma perceptível simbiose entre Herr Platzker
e o escritor. Gunter nasceu em Berlim, no dia 6 de março de 1929. Tinha dez
anos quando a Alemanha invadiu a Polônia clicando o botão da mais sangrenta
guerra mundial. Ele foi membro do partido comunista da Alemanha Oriental, do qual foi expulso e conseguiu sair do país para a Alemanha Ocidental. Kunert vive com a mulher numa pequena cidade do norte da Alemanha, Itzehoe, com quase 33 mil habitantes. A cidade lembra um set de filmagem. Um lugar que eu gostaria de conhecer. Ou morar. </span><o:p></o:p></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Mais tarde entendi
o sentimento que as pedrinhas – a que sumiu no tempo e as outras que vieram
depois – me faziam sondar, especular, cavar nos territórios esquecidos pela
memória ou envoltos na bruma do tempo: pressentir que, de fato, há tão somente o
tempo que vivemos e nada mais. Não dá para voltar um passo sequer, somos
impelidos para um futuro indistinto, estamos imantados por um destino que nos suga
para um vácuo que parece ser constituído de infinitos vácuos e o que há de
tristeza e alegria, de feiura e beleza, seguem lado a lado com a gente ou até um
ou dois passos à frente, mas não há como divisar o vácuo, a fronteira.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Queria muito
olhar no céu de Belém o céu de Berlim sendo iluminado pelos oito mil balões
brancos instalados na linha do que foi o muro. Fiquei só imaginando. Nós, esses
seres estranhamente humanos que sobrevivemos a todas as contradições, ainda nos
valemos da imaginação para nos sentirmos reais.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">O sábado passou,
nem notei que já seria domingo em Berlim, simplesmente nem me dei conta disso,
pois o coração também estava ocupado com outros haveres, com outro gostares,
com outras descobertas e construções mentais nesse rebuliço diário que é a
vida. Eu me lembrei de alguns amigos distantes, senti saudade de outros mais
perto, de amigos que chegaram recentemente e a agulha imaginária bailando em
algum vinil antigo, arranhando canções de amor me fez bendizer esse sentimento
que às vezes esquecemos nas gavetas, no isolamento, no medo de alimentá-lo, o
que na verdade não o faz definhar e sim aumentar-lhe a fome. Eu quero, sempre, amar, mesmo que, às vezes,
não saiba como dizer ou demonstrar. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;"> Novos muros a derrubar. Vou catar outras
pedrinhas em nome do amor com as quais possa compor novas histórias, poesias,
personagens e, pelo menos no meu desejo, imortaliza-los. Ainda é possível
escrever a vida. Tente.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;"> Agora
vou colocar para rodar no vídeo um filme que está no cantinho dos que gosto de
ver para matar saudade:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span lang="EN-US" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: EN-US;"><br />
</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgGM6W4iSi_8kmRckwJF7IUo6e1Z4sui95GT1QV_kULwgyAAXiY8LnJSOAQY2pJazKKe20pYdXLbzYfawSV5YgNTWXxVaIeflwPvHeuwMl0VCFMItTt34lum1xBJXXnizCr5oTeUBnDtPfW/s1600/goodbye-lenin-szene.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgGM6W4iSi_8kmRckwJF7IUo6e1Z4sui95GT1QV_kULwgyAAXiY8LnJSOAQY2pJazKKe20pYdXLbzYfawSV5YgNTWXxVaIeflwPvHeuwMl0VCFMItTt34lum1xBJXXnizCr5oTeUBnDtPfW/s1600/goodbye-lenin-szene.jpg" height="288" width="400" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span lang="EN-US" style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;"> <i>Good bye, Lenin!</i> (Adeus, Lenin!), de Wolfgang Becker, 2003. </span><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">O filme consagrou Daniel Brühl como um dos grandes atores alemães da nova geração. Quem quiser ver pode baixar <i>Adeus, Lenin</i>!, em vários <i>sites</i> na internet.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 13.5pt; text-align: center;">
<br /></div>
</td></tr>
</tbody></table>
Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/06070279918393230489noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-431702984149931972.post-78757350676885870062014-11-01T23:30:00.000-03:002014-11-02T01:16:53.458-03:00Como equilibristas mambembes<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhwfkuAIWnYq5apBMvtdLEeEas3h3HJZGSdnVcnVcR6HRu0oXsMX1IyS_wcnp871OTHEYjqzmG0Cb_PsqvN6iNb19bVXEp162Pc4URSb1T9Vfn0-o8fgnOHY67l82uh7JyCP1bqSYynZ8I2/s1600/Kakoparque.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhwfkuAIWnYq5apBMvtdLEeEas3h3HJZGSdnVcnVcR6HRu0oXsMX1IyS_wcnp871OTHEYjqzmG0Cb_PsqvN6iNb19bVXEp162Pc4URSb1T9Vfn0-o8fgnOHY67l82uh7JyCP1bqSYynZ8I2/s1600/Kakoparque.jpg" height="282" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Berlim: um parquinho mambembe é montado ao lado da Igreja Memorial. By Ronald<br />
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;"> </span><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; text-indent: 35.4pt;"> </span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Desperto assim,
por vezes, sentindo-me inesperadamente equilibrista de uma corda bamba
imaginária a nos roubar o sono quando a gente precisa muito estar dormindo e
sonhando, sobressaltado como se enfrentasse o risco da queda livre, seja sob uma
lona encardida ou a céu de brigadeiro, num circo onde não há rede de proteção.
Essa imagem da vida como espetáculo mambembe é recorrente em mim, anos a fio,
no despertar inevitável enquanto isso é possível.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Há momentos que nos
arrancam do olhar a alegria, o riso, o suspiro, o suspense costurado na
simplicidade com que se desenvolve a cena no seu tempo preciso, nem um segundo
a mais. Devo lembrar que o equilibrista é uma atração de tirar o fôlego da
plateia, mas há um desfile imperdível de outros tantos personagens depois do
equilibrista, como o trapezista e seu salto mortal quádruplo, os malabares, os
motociclistas no globo da morte, o atirador de facas, a dançarina sedutora de
elefantes e o domador dos tigres e leões, os insubstituíveis palhaços, o
comedor de espada e o engolidor de fogo, a mulher gorila ameaçando romper as
grades da jaula e provocando gritinhos na mulherada, pavor nas crianças que nem
percebem o doce olhar amoroso da mulher de barba ruiva apaixonada pelo anão
usado como projétil de um velho canhão de guerra.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;"> Ultimamente tem sido assim. Não há tempestades
anunciando catástrofes, passam chuvas fortes, pampeiros ligeiros, mas o céu
depois se normaliza, entre nuvens decorativas e ensaio de um azul que pode ser contemplado
sob a luz da hora, do calor da estação. Ainda que na minha cabeça rode um
tornado. Um turbilhão de emoções que vai da calmaria do lago ao espetáculo
circense.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;"> Hoje foi desse jeito. Tenho sono profundo, mas
posso despertar com o ruído de uma barata passeado pelo quarto, caso haja um
inseto de tal porte - o que já ocorreu, raríssimas vezes, mas já me deparei com
essa espécie - mesmo considerando que minha pequena fortaleza fica no décimo
andar e que é pouco atraente a visitas desse tipo, graças ao rigor da faxina
diária comandada pelo Super_Manuel, meu assistente que é, também, DJ.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;"> Logo
cedo fui cutucado pelo som do Messenger. Tudo porque peguei no sono e me
esqueci de desligar o bendito aparato ou deixá-lo em outro canto do
apartamento. Alguém me pedia desculpas por um incidente que, na verdade, foi
coisa boba. Não vou entrar em detalhes. Só quero dizer que percebo estar a vida
vazia desse modo simples de reconhecer que pedir desculpa não desfaz o feito,
mas refaz o que podia estar irremediavelmente desfeito, esgarçado, descosturado,
ter os nós perdidos, alinhavos rompidos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;"> Todos
nós precisamos dessa delicadeza para suportar o peso ou a insustentável leveza
do mundo, do que está fora e do que trasladamos para dentro de nós, como o
circo e seus personagens - e ainda tem o bilheteiro e o vendedor de guloseimas
e garotos que encontram passagens secretas até à arquibancada, por astúcia ou
pacto com seus diabinhos travessos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;"> Gira
o mundo, gira o carrossel, meus sonhos mambembes, meus pesadelos luxuriantes e
a simplicidade das coisas. É, ando meio assim, entre lá e cá. Às vezes me
desconheço, às vezes me perco de mim. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;"> <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Acho que devo
pedir desculpas mais vezes às pessoas no geral e agradecer, da mesma forma que
agradecemos à corda que bambeia, mas não rompe e assegura que o equilibrista
consiga ir de ponta a ponta, olhando do alto o picadeiro, nos ensaios diários,
ou os vazios de uma plateia que nem vá gerar um borderô capaz de pagar a noite.
Uma forma de exercitar a delicadeza.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Fui dormir me
sentido equilibrista de um espetáculo solitário. Acordei com a sensação de ser
um equilibrista prestes a despencar. Fui expatriado do sono que me acalentava,
que me tirou o amargo da poesia que deixo aqui e na qual falo do tempo que
passa pela gente porque não duvida do ofício. O tempo é sábio quanto a isso,
sabe do seu eterno rito de passagem. Não podemos ser como ele. Somos apenas
passageiros. Ele é a travessia e nós, simples atravessadores à procura de
atalhos e transversais. Fazer poesia não é simples, mas gosto de me instigar. E
aos poucos ir compartilhando essas saliências poéticas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;"><br />
</span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">O tempo dispensa consentimento<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Não precisa nos pedir passagem<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">E às vezes me dano por não considerar<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Que isso se dá sem a menor sutileza,<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Sem gentilezas, pois outra é a química<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Outras são as camadas do tempo<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Sem o envelhecimento das células<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Ou o enrugamento inexorável da pele<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Sem a despigmentação da alma<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Sem o enrijecimento dos nervos<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Sem o esfrangalhamento dos ossos<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Ou a oxidação do pensamento<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Sem a dilaceração das cordas vocais<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Ou a dor da úlcera recidiva, da lágrima
ácida.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Erodindo os territórios da fantasia.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Aprendi quase nada da indiferença<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Como a que faz o tempo se desnudar sem
medo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Medo é próprio dos homens, não do tempo<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Então brinco de inventor, faço
inventários<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Baseado numa espera que me exaspera<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">O tempo nada espera, eu sou um lapso<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">O tempo é inteiro e eu um pseudo fractal<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;"> Mas
se ele me escapa ao entendimento<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">À razão universal que ouso pensar de mim<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Escorre também para o vazio inevitável.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">O que ficará da minha história para o
tempo<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Que não privilegia a memória a
definhar-se?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">O que restará do amor que podia me dar
liberdade<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Mas que preferiu se escravizar ao tempo?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
</div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Nada. Tudo é negação à luz dos olhos do
mundo. <o:p></o:p></span></div>
</td></tr>
</tbody></table>
Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/06070279918393230489noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-431702984149931972.post-58518544013621548432014-10-25T18:47:00.001-03:002014-10-25T18:52:00.493-03:00Berlinda: primeiro capítulo<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhkmggE-ZdWDFQvW_0MdUoFdD44_YOC_l-tE1XnruCPzaseC2XeT3IrJg8fp1Tx_5YMwOzSWuu-9uFeV4kNyyZEkm5VIlxqFRdmBbhIyk7zmr7HEyt-RUHsKT8SfxncKvsTxLJ-OzOJv8up/s1600/uhr_1.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhkmggE-ZdWDFQvW_0MdUoFdD44_YOC_l-tE1XnruCPzaseC2XeT3IrJg8fp1Tx_5YMwOzSWuu-9uFeV4kNyyZEkm5VIlxqFRdmBbhIyk7zmr7HEyt-RUHsKT8SfxncKvsTxLJ-OzOJv8up/s1600/uhr_1.jpg" height="400" width="345" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">O tempo marcado. Viramos escravos das horas. By Ronald Junqueiro<br />
<br />
<br />
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;"><b>BERLINDA 1</b><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<div style="text-align: left;">
<br /></div>
</div>
<div class="MsoNoSpacing">
<div style="text-align: left;">
<i><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Belém era o
fetiche urbano. Berlin, o longínquo fetiche do outro lado do oceano. Duas
cidades que desembocavam no coração do viajante e escorriam para uma Atlântida soterrada
que sonhava com o oxigênio. Placas da memória moviam-se e formavam bolhas de
ar, buscando a superfície. Uma ou outra conseguia escapar através dos seus
olhos, gota a gota, feito lágrimas, brilhantes. O viajante acompanhava a lenta
procissão que cercava a berlinda desfiando histórias, ora de amor, ora de dor.
E nesse vagar testemunhava a epopeia das banalidades que se mostravam muitas
vezes em preto e branco. E, assim, seguia a berlinda, feita não só para
padroeiros ou nobres senhores, mas também como guardiã de casos ordinários.<o:p></o:p></span></i></div>
</div>
<div class="MsoNoSpacing">
<i><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;"> </span></i><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;"><br />
</span><br />
<div style="text-align: right;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;"><b style="font-size: 13px;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 14.0pt;">Verão europeu, 2006</span></b></span></div>
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">
</span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Dias claros mais
longos. Leo estava na estação, sentado ao lado da mala, olhando o relógio da
plataforma, à espera do embarque no trem que partiria no meio da tarde
ensolaradamente viva. Próxima parada, Berlin. Ainda não havia movimento intenso
na plataforma do embarque. Ele chegou muito cedo. Hábito antigo, preferia
chegar uma hora ou pouco mais antes da partida. Na Alemanha, os trens saíam no
horário se nada de excepcional acontecesse, e, quando se aproximava a hora do
embarque, formava-se um formigueiro de gente afoita para entrar nos vagões já
que o trem não ficava muito tempo parado. Leo apreciava esse vaivém na estação.
Esperava por Zarah, que conhecera numa festa em Colônia. Eles viajaram para
Frankfurt am Main numa sexta-feira e combinaram encontrar-se na estação naquele
domingo. Os dois iriam para Berlin (1), onde Zarah o hospedaria por duas
semanas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;"> Os olhos não desgrudavam do relógio e do
placar que anunciava o próximo comboio. Martelou na cabeça a mesma ansiedade,
uma quase acusação: “Cheguei muito cedo... bom, melhor assim, já pensou pegar o
trem errado?”. Paranoia de viajante. Mas já acontecera de ele reembarcar, em
Lisboa, uma brasileira que havia pegado trem errado em Paris. Ela colou em Leo
quando ouviu que ele falava português no corredor do trem com uma garota
portuguesa que morava em Marselha, uma dançarina lisboeta com alguns quilos
acima do peso que iria visitar os pais. A nervosa senhora de meia-idade
chamava-se Maria de Nazaré, era de Belém do Pará, devota da Virgem e morava no
bairro de Nazaré. Não dava para esquecer o nome e a cara de pânico da
passageira perdida. Em Lisboa, ajudou a mulher a comprar nova passagem para
Paris. Encheu a cabecinha dela com recomendações, informações sobre duração da
viagem, paradas do trem até a Gare du Nord, seu ponto final. Que fim levou
Maria de Nazaré não fazia a menor ideia. Mas esse acontecimento, tão insignificante
para ele, desatou a sensação que todos nós vivemos assim, em permanente
trânsito, ou que a presença das coisas e dos fatos é transitória na vida de
cada um de nós, viram lembranças, simplesmente. Dia de viagem deixava-o
ansioso. Como hoje. Chegou à plataforma e foi direto checar o ponto de
embarque, caçar o vagão. A cabeça do viajante funcionava como carrossel. Será
que Zarah viria? Com certeza viria... Ah, que mania essa de pensar o pior em
algumas situações! Sua taxa de pessimismo estava mais desregulada que o
colesterol. Como chegaria a Berlin sem saber onde ficar, sem um plano
emergencial, sem uma intenção? O pior é que nem fizera planos... Pô! Ninguém o aguardando
em Berlin, a não ser a cidade<i>.<o:p></o:p></i></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;"> Zarah chegou em cima da hora. Desculpou-se por
não ter vindo um pouco antes. Ele nem prestou atenção ao que ela disse.
Entraram no vagão, colocaram as malas no bagageiro e acomodaram-se nas
poltronas ao lado da janela. Leo ficou na fileira do lado direito. Zarah pegou
um livro, colocou-o na mesinha central e aquietou-se na poltrona da janela do
lado esquerdo. Quando compraram as passagens em Colônia, não conseguiram
reservar poltronas contíguas. O caso agora era esperar o trem partir e tentar
trocar de assentos com algum passageiro de bom humor. O trem se reanimou, qual bicho
que rastejava até ganhar velocidade na intenção de dar o bote.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;"> Um vagão limpo, climatizado. Tudo <i>clean </i>demais
e sem a atmosfera dos velhos romances policiais, dos filmes em preto e branco,
sem os mistérios das viagens que povoavam a imaginação com crimes insolúveis ou
mortes encomendadas, com assassinos disfarçados de passageiros comuns, insuspeitos.
Os trens modernos não tinham esse clima de suspense, faltava a eles a luz
mortiça do cenário, o som de fundo, das rodas arranhando os trilhos e uma
trilha sonora a eriçar os pelos dos braços. Zarah acompanhava a saída do trem a
distanciar-se da estação, olhar distraído através da janela.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;"> A viagem deveria durar cerca de quatro horas e
meia. Estariam à noite na estação central de Berlin. Leo via a paisagem através
da janela como se tudo viesse contra ele, na sua direção, provocando
lembranças. A janela virou tela. Janela com vidraça sem manchas, quase um
plasma de tela plana. Do ângulo em que se encontrava, podia regular a nitidez
das imagens que começavam a se formar naquele movimento do trem, hipnótico, que
o deixava meio dormente.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;"> Do nada, uma foto em preto e branco de uma
velha revista apareceu congelada na superfície envidraçada. Miragem. Pressentia
que não estava acordado e criava ilusões, viajava pela imaginação. De repente,
a foto se animou, um soldado andou de um lado para o outro próximo a um cercado
de arame. Um grupo de pessoas conversava ao fundo. Um dia comum na Berlin
dividida. Inesperadamente, o soldado voltou o olhar para o outro lado, correu e
pulou a cerca de arame farpado, deixando para trás o que seria, mais tarde, o
muro que faria da cidade uma ilha. Sobre a imagem foi se formando uma legenda
que não traduzia o significado do salto nem a emoção do soldado. Mas legendas
não foram feitas para traduzir emoções; eram escritas, muitas vezes, só para
enfatizar o óbvio: “<i>Ein Volkspolizist springt in die Freiheit</i>”. Leo lia
a legenda e ouvia a própria voz ecoando na cabeça, como se fosse o narrador da
cena. Um estado letárgico que o deixava ausente do que se passava no interior
do vagão. Relaxou, largou-se na poltrona, cabeça meio inclinada para o lado
direito. E, nesse estado de sonolência, Leo roteirizou um filme. Câmeras! Ação!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<div style="text-align: left;">
<br /></div>
</div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-indent: 35.4pt;">
<div style="text-align: left;">
<i><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;"> — Pule, Conrad, pule!<o:p></o:p></span></i></div>
</div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-indent: 35.4pt;">
<div style="text-align: left;">
<i><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;"> A Alemanha em fuga – recorrente impressão de
que a Alemanha sempre fora uma pátria que fugia de si mesma para esconder-se de
uma tragédia sem tamanho que manchou o mapa com respingos de sangue. Fugir.
Tudo se mistura, as imagens se<o:p></o:p></span></i></div>
</div>
<div class="MsoNoSpacing">
<div style="text-align: left;">
<i><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">perdem e se
encontram no tempo.<o:p></o:p></span></i></div>
</div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-indent: 35.4pt;">
<div style="text-align: left;">
<i><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;"> De repente, outra cena: numa esquina,
materializa-se uma jovem correndo, uma corrida desastrada. A fuga real
mimetiza-se na ficção, camufla-se.<o:p></o:p></span></i></div>
</div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-indent: 35.4pt;">
<div style="text-align: left;">
<i><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;"> — Corra, Lola, corra!<o:p></o:p></span></i></div>
</div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-indent: 35.4pt;">
<div style="text-align: left;">
<i><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;"> Realidade e ficção dançam valsa num grande
salão espelhado e são gêmeas que se movimentam no mundo da percepção de cada um
de nós. Uma hora aparece Conrad e, em outro momento, ele é Lola. Na próxima
sequência, ela se transmuda para Conrad. O soldado salta para a liberdade,
desafia obstáculos, barreiras, barricadas, o muro da opressão que dominou a
cidade por quase 30 anos. O soldado nem sabe que liberdade é impulso. Historiadores,
escritores, críticos, intelectuais, humanistas, humanoides estrategistas,
revisionistas, generais, todos sabem que nem sempre dá certo planejar a
liberdade, que alcançá-la envolve riscos, que isso pode ser fatal. O salto pode
ser tão perigoso quanto a liberdade de expressão.<o:p></o:p></span></i></div>
</div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-indent: 35.4pt;">
<div style="text-align: left;">
<i><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;"> Conrad correu sem perceber as lentes do
fotógrafo que iriam eternizá-lo, mostrando também ao mundo a fragilidade dos obstáculos,
dos muros erguidos em concreto e o alcance das asas abertas compartilhando a
possibilidade de ser, mesmo diante do risco de ver que o sonho será derretido
pelo sol. Saltadores de muros acalentam sonhos de Ícaro.<o:p></o:p></span></i></div>
</div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-indent: 35.4pt;">
<div style="text-align: left;">
<i><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;"> Outro plano. Lola em cena. Corra, Lola, corra!
O drama moderno vibra no corpo da jovem cortando Berlin numa corrida alucinada
de 20 minutos para salvar o homem a quem ama, é uma corrida de vida e de morte.
O tempo é o começo e o fim, um<o:p></o:p></span></i></div>
</div>
<div class="MsoNoSpacing">
<div style="text-align: left;">
<i><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">lapso, um
acidente, um viés da vida por onde atravessa o amor, capaz de nos fazer escalar
montanha e chegar ao pico, mesmo arriscando a encontrar nada. Ou morrer.<o:p></o:p></span></i></div>
</div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-indent: 35.4pt;">
<div style="text-align: left;">
<i><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;"> Estou rodopiando no meio dessas colagens
imaginárias, às vezes confusas. Berlin de ontem, em preto e branco. Agosto de 1961,
numa certa esquina da Ruppinerstrasse com a Bernauerstrasse. Berlin de hoje,
colorida, moderna, pichada, cidade aberta. A história do soldado poderia ser
contada em quantas versões quisesse qualquer diretor se a vida de Conrad fosse
um roteiro cinematográfico. Imagino o que Conrad Schumann sentiria vendo a
corrida de Lola para encontrar-se com Manni, seu bem-amado. Imagino Conrad de
mãos dadas com a mulher, Kunigunde, deliciando-se com uma caneca de chope e um
grande saco de pipocas numa sessão de cinema num drive in, vendo a disparada de Lola pelas ruas de Berlin. Na
ficção, dá para voltar a fita, brincar com os cortes e montagem, reescrever
roteiros e diálogos, mas é impossível viver em três tempos na vida real.<o:p></o:p></span></i></div>
</div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-indent: 35.4pt;">
<div style="text-align: left;">
<i><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;"> Para Conrad, isso não é possível, ele se despede
do mundo no mesmo ano em que Lola invade as telas dos cinemas mundo afora. O
roteiro que o saltador da cerca de arame farpado escreve para si não antevê um
final menos melancólico. A depressão que assalta Conrad deve estar povoada
pelos fantasmas da divisão de Berlin, pelas vítimas do muro. Quem há de dizer
que Peter Fechter, o primeiro a tombar num salto mal calculado, aos 18 anos,
cheio de sonhos e coragem juvenil, não habita esse território opressivo para
onde Conrad escapa?<o:p></o:p></span></i></div>
</div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-indent: 35.4pt;">
<div style="text-align: left;">
<i><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;"> Na minha miragem, tudo é tão próximo como a
ironia do destino que une Conrad a Kuningude, a amada que conheceu em Günzburg,
cidade onde nasceu Josef Mengele, o anjo da morte, alma negra que ainda hoje
assombra vítimas da guerra.<o:p></o:p></span></i></div>
</div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-indent: 35.4pt;">
<div style="text-align: left;">
<i><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;"> Final da primavera. Junho, 1998. O corpo do
ex-soldado balança no jardim de sua casa, em Oberemmendorf, próximo a Kipfenberg,
cidadezinha com pouco mais de cinco mil habitantes, na Bavária, onde ele
morava. Um corpo coberto de pólen para a cerimônia do adeus. Um corpo suspenso
e imerso na estação colorida que não disfarça o luto.<o:p></o:p></span></i></div>
</div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">O trem parou em Fulda. Leo olhou o
relógio, tentando fixar o tempo. O relógio soava como uma dependência
patológica ao tempo. Ali tudo tinha que ser cronometrado. A viagem já durava
uma hora. Zarah não estava no vagão. A poltrona ao lado de Leo continuava
desocupada. Ainda inebriado pelas imagens de Conrad e Lola, ele pensava na
guerra e no seu legado para o mundo. Heranças feitas de ruínas e destruição, de
ódio a vitimar outros povos em nome do poder. Sentia-se confortável nessa
quietude e, contraditoriamente, entediado. Outras cenas invadiam suas
lembranças. Como a Berlin sob a pele de camaleão urbano renascido não apenas
nas ruínas do Tiergarten, mas no coração dos que sobreviveram. A cidade
recompondo-se sobre as imagens brutais que revelaram ao mundo o odor da morte
impregnando todos os cantos, vindo dos campos de concentração onde corpos se
amontoavam como pilhas de madeira prontas para se transformar em fogueiras.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;"> Retornar à Alemanha era sonho antigo de Leo.
Era mais uma viagem afetiva do que de aventuras. Carecia de uma energia
titânica de quem caminhava para os 50 anos. Como o tempo passava! Mas tinha que
ser no verão, que ele achava ser a cara de Berlin, muito mais que as outras
estações. Recordava-se de uns dias de chuva na cidade, uma sensação que não era
aprazível como as chuvas em Belém, mornas. O verão – muito quente, na verdade –
era um momento especial com a luminosidade da estação em Berlin. Ali, vivera,
também, um pouco da primavera que parecia com cartão postal, com o colorido
intenso das flores e o verdejante das folhas. Não havia primavera na Amazônia.
“Primavera, ah primavera! Estação que não é bem-vinda por todos. Isso eu acabei
aprendendo. As cores de uma fotografia não são maléficas como na vida real”,
ele brincava com esse jogo de impressões. Pensava que a primavera, suas cores e
seus cheiros não eram bons para os olhos e o nariz de Manfred, um estudante que
conhecera na primeira vez que estivera em Berlin, quando a cidade estava
enjaulada entre muros.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;"> Manfred ficou guardado por muito tempo entre
cartas que trocaram no início da amizade e que foram rareando pela força da
distância entre eles até que um dia cessaram. E que, depois, se foram
extraviando nas mudanças de Leo. Mesmo assim, não o esquecera completamente.
Branco demais, alto demais, desengonçado demais, falante demais e bem-humorado.
Nariz avermelhado demais na primavera, sofrendo com o ataque do pólen das
gramíneas, das árvores, das flores. Leo sorriu, lembrando-se de Manfred e do
inseparável pacote de lenço de papel de bolso. Manfred morrera num confronto
entre policiais e manifestantes antifascistas e neonazistas. Uma pedra o
atingira na testa, à altura do olho esquerdo, e o fez perder os sentidos. Na
queda, ele bateu a cabeça no meio-fio. Os amigos tentaram reanimá-lo e
conseguiram socorro. Havia o ferimento na testa provocado pela pedrada, mas o
pior veio com a hemorragia interna causada pelo impacto na queda na calçada.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;"> Berlin era isso e muito mais. As ausências. A
saudade. O fogo. As cinzas. Os escombros. Pó. Pó que nem praga. Como o pólen.
“Se pólen fosse radioativo, Chernobyl usaria flores como matéria-prima para
produzir armas a serem usadas nos atentados terroristas”, escrevera Manfred num
cartão postal que enviara a Leo na primavera de 1986.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;"> Memórias, memórias, assim a humanidade
construía sua história, trama de verdades e mentiras. Essa dualidade também
fazia com que Leo lembrasse Manfred.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;"> O fiscal pediu o bilhete, Leo saiu do torpor
momentâneo. O funcionário pegou a maquininha e perfurou o cartão, mais um para
a coleção. Agora Leo – um viajante e suas manias – colecionava bilhetes de trem
e tíquetes de metrô. Primeiro, foram os chaveiros, peças da primeira tentativa de
ser colecionador de alguma coisa; depois, vieram os adesivos, bótons, selos,
caixas de fósforo, postais. Perdeu o gosto por todos. Não havia uma razão
arqueológica para ser fiel a essa quinquilharia nem espaço nas gavetas, além do
que lhe faltava disciplina e o espírito metódico para ordenar o monte de
miudezas que se ia acumulando por algum motivo difuso. Essas manias obsessivas
foram se esvaziando depois de ler José Donoso. <i>O obsceno pássaro da noite</i>,
romance do escritor chileno, era um desses livros que nos respondiam como se
fossem oráculo. O que é caro para uns pode ser inútil para os outros, como
mostrava a disputada herança da velha morta no asilo. A embalagem mais cobiçada
que as asiladas acreditavam esconder uma peça valiosa, uma pedra preciosa, uma
joia rara, guardava como relíquia apenas uma asa de xícara. Só a morta sabia o
significado e o valor daquele pedaço da louça. Essas coisas são os elos de cada
um com o mundo real, suas coleções de inutilidades. O que ele mais gostava de
fazer, na verdade, era colecionar personagens e autores. Sempre havia algum a
tirar da cartola. Essa mágica aprendera no <i>Auto de fé</i>, o único livro de
Elias Canneti nas suas estantes, e que comprara em um sebo. Imaginava as
bibliotecas como espaços habitados bem mais do que pela fileira de lombadas e
títulos. A bagagem do viajante não comportaria as obras de Fernando Pessoa e
todas as suas pessoas, mas poesias e personagens caberiam em qualquer cantinho
da mala imaginária e povoariam as almas dos seres humanos. Que censo maluco
realizaria a contagem precisa dos habitantes desse território insondável, terra
das criaturas e da fantasia na cabeça de cada mortal?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;"> E as horas passavam. Pernas amortecidas. Ele
pegou uma <i>Der Spiegel </i>que alguém esquecera na bolsa da poltrona em
frente à sua e folheou-a sem muito interesse. E o tempo custava a passar. Zarah
agora estava grudada num romance do cubano Alejo Carpentier. A cadeira ao lado
de Leo estava ocupada e ele nem havia notado. Pediu licença ao passageiro vizinho
para sair ao corredor e esticar as pernas. De relance, conferiu o vagão. Estava
cheio. Uma família ocupava a fileira atrás de Zarah. Mãe, duas<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">meninas e um bebê. Um jovem de cabelos
longos, louro, barba malfeita, enfiado num <i>iPod</i>, como se o mundo fosse
outro mundo, exibia uma cara de ausência. Um casal ria e se deliciava em
arrulhos de paixão, havia um jeito de namoro fresco. No início do vagão, dois
senhores que ele imaginava, pela cor da pele e pelos trajes, serem indianos
discutiam com o fiscal e não se entendiam. Aos poucos, ia chegando mais gente,
vinda de outros compartimentos. Leo foi ao vagão-restaurante tomar um café.
Zarah não quis acompanhá-lo. Voltou e cochilou mais um pouco até despertar com
a mão de Zarah tocando seu ombro.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;"> — Leo, temos que mudar de trem. Aconteceu
algum problema na estação. Você entendeu a informação no som interno?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;"> — Não. Ouvi só a palavra <i>Achtung</i>! Mas
não prestei atenção. O que houve?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;"> — Parece que alguém cometeu suicídio. Um jovem
teria se jogado nos trilhos quando o trem parava na estação.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;"> — Onde nós estamos?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;"> — Em Kassel.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;"> O vagão rapidamente esvaziou-se. Passageiros
andavam rápido, em filas duplas, atrás de um novo vagão do trem para onde
estavam sendo transferidos. A notícia dada pelo sistema de som era tão
burocrática... Alguém se suicidara, e era como se o sujeito tivesse escorregado
em uma casca de banana. Os trens não podiam parar, nem o tráfego ficar refém de
um suicida, o trânsito tinha que fluir sem atropelos. Os horários a cumprir. A
vida rodava na paranoia dos ponteiros. A vida continuava. Não para todos,
evidentemente. Alguém sempre ficava para trás. Com ele não era diferente, assim
pensava.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;"> — Vamos nos atrasar na chegada?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;"> — Quase nada. Para a companhia, foi apenas um
incidente. Mas não vamos descer na estação central como antes. Nossa parada
será Spandau.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;"> Spandau soou familiar. Era um nome ligado à
guerra, sempre a guerra, entranhada em cada poro da história daquele povo. O
bairro abrigou a prisão de nazistas e foi demolido depois da morte de Rudolf
Hess, que ali viveu 20 anos e que praticamente foi, no final da vida, o único
prisioneiro a ficar no local. Berlin, cidade que oferecia uma intimidade
histórica, como se todos fossem testemunhas atemporais de tudo o que ali se
passou. Ela refletia, que nem espelhos bem polidos, uma produção lucrativa ao
alcance de todos. A guerra gerava produtos muito mais vendáveis do que a paz.
As cidades, além de cenários, eram protagonistas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;"> Desta vez, Leo e Zarah sentaram-se na mesma
fileira, lado a lado, no novo vagão. Zarah comentou sobre a notícia do
suicídio. Zarah falou que o fato logo seria esquecido. Não era a primeira vez
que isso acontecia. Leo pensava no que ela dissera:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;"> — As tragédias nos dias de hoje são de
curtíssima temporada. Tudo é muito rápido.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;"> Ficou em silêncio e intimamente concluiu que o
suicídio acabara por ser apenas mais um evento banal que viraria manchete se
fosse morte de alguma celebridade. Zarah manifestou-se angustiada com os rumos
das tragédias que as pessoas anonimamente acompanhavam ou das quais eram testemunhas
e de outras que se avizinhavam. Ela, como que adivinhasse os pensamentos dele,
comentou:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">— Ah, Leo! Para
entrar na história, tem que ser catástrofe, como uma colisão ou descarrilamento
de trens com dezenas de mortos e centenas de feridos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;"> — Então, Zarah... e ainda assim será tragédia
com tempo de validade. Em breve, será arquivo morto para dar lugar a novas
tragédias.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;"> Muita coisa ocorre na trajetória da humanidade
e as pessoas nem se dão conta sobre o que de fato aconteceu. Assim como passam
ao largo de outras tantas coisas que estão próximas de si. Quem desconfiaria de
que um pacato vizinho escamotearia a violência com pequenos gestos de
gentileza? E as tragédias clássicas podiam ser vistas nos dias de hoje,
povoadas de medeias e édipos, de páris e helenas de troia, de romeus e
julietas. Os nomes próprios agora são escritos em letras minúsculas por causa
da banalização dos dramas humanos. Há incontáveis tragédias aprisionadas entre quatro
paredes que jamais serão conhecidas. E, muitas vezes, o sujeito sente-se pacificado
diante de uma tragédia que não é a sua. Um suicida jogou-se nos trilhos. Um
fato que poderia ser banal como jogar um pedaço de papel numa lixeira ou na
rua. As estações permaneciam. Os passageiros iam e voltavam. Ou não. Os
suicidas, estes não ficavam, não voltavam.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Berlin. Noite.
Spandau. Leo sentiu o coração acelerado, cheio de uma saudade indefinida, de
uma sensação noturna. Trechos à meia-luz, a baixa iluminação em algumas
estações do metrô, janelas reveladas pelo clarão de um televisor ligado que se
via do lado de fora. Ou a luz que vazava de escritórios ainda abertos. A
solidão era passageira de muitos vagões. A voz que anunciava cada parada
denunciava um entrar e sair mecânicos. De Spandau até Berlinerstrasse eram dez
paradas. E veio-lhe à cabeça a estação de Pulitzbrücke, lugar de onde saíam os
judeus para os campos de concentração. As estações permaneciam até hoje
indiferentes a esse ir e vir, ao movimento de passageiros, o que parecia às vezes
um sem destino ou o colapso. Havia tantos lugares em Berlin por onde ele nunca
passeara... Leo adorava a sonoridade de alguns nomes, como Prenzlauer Berg,
Moabit, Hansaviertel, Pankow, Tempelhof, Tegel, Görlitz. Desta<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">vez, queria ver de perto a
Bernauerstrasse e o Palácio das Lágrimas que abrigou as tristezas das
despedidas entre as duas cidades separadas pelo muro. A cidade tinha um lado
melancólico nas horas noturnas, abaixo das sombras. E por ela passeavam
fantasmas. Apesar da atmosfera cinza, lá no fundo havia uma certeza de que
Berlin tinha vocação para a festa.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">— Você quer comer alguma coisa? —
perguntou Zarah ao saírem da estação da Berlinerstrasse. — Há um pequeno
restaurante turco perto de casa.<b><o:p></o:p></b></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">— Vai bem um <i>döner
kepab</i>? — propôs Leo, estalando a língua. — E uma cerveja!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;"> Zarah riu e Leo descobriu que ela tinha um
riso bonito. Um <i>döner kebap </i>era como um “cachorro-quente adubado”, como
se dizia em Belém. Um senhor cachorro-quente, não um <i>hot dog </i>magro, com
uma salsicha magra, regado a <i>catchup </i>e mostarda. Zarah parecia mais
relaxada: “Vamos degustar uma típica comida alemã da cozinha experimental da
Turquia”. E os dois riram. Ela, espirituosa. Ele achava, no seu caso, que fora
mais um espasmo de fome.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;"> Depois da parada no pequeno restaurante turco,
seguiram por uma rua arborizada. Árvores de copas densas deixavam a impressão
de que as calçadas não eram bem iluminadas. O silêncio enfatizava os sons.
Ouviam-se os passos nas calçadas. Dos dois lados da rua, fileiras de carros eram
obstáculos no meio-fio. Os moradores estacionavam onde havia uma vaga. Os
prédios não possuíam garagem. Os edifícios, de cinco andares, eram construções
geminadas, de arquitetura pesada e previsível. Leo pôs-se a rastrear as
janelas, a alma das casas. Cortinas brancas, bordadas. Vasinhos, objetos
decorativos nas sacadas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;"> Uma luminária em forma de cisne flutuava na
escuridão que tomava conta das janelas alinhadas. Em outra sacada, uma réplica
verde da Estátua da Liberdade sobressaía atrás do balcão ocupado por plantas
carregadas de folhagem e trepadeiras. As fachadas eram na cor bege e as portas dos
prédios, tão previsíveis quanto as fachadas – altas, pesadas e escuras. A do
edifício de Zarah era marrom. A do prédio do lado direito, verdechumbo. Uma
lâmpada de baixa voltagem deixava à mostra a numeração do prédio. Numa lateral
da entrada, as campainhas com a identificação das famílias. No primeiro andar,
os Boscher e os Klein. No quarto andar, um dos moradores era Zarah. Apartamento
dos Zimmermann.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;"> Os sentidos se afinaram. O <i>hall </i>era
igual ao de outros prédios já conhecidos. Havia um enorme espelho na parede
lateral esquerda. O piso era como jogo de xadrez, preto e branco. Um lance de
quatro degraus levava ao único elevador, antigo, estreito, portas
pantográficas, de <i>film noir </i>Um elevador igual aos que apareciam em
velhas produções americanas de suspense e de mistério.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;"> Zarah mostrou o quarto que reservara para Leo.
Roupa de cama, um jogo de toalhas brancas. Podia usar o que havia na sala de
banho. Dois frascos de xampu usados e outras amostras grátis e papel higiênico.
Na embalagem, a marca bem-humorada, <i>Guten Morgen</i>. Ele arrumou as coisas pessoais
num armário de canto, ao lado do espelho. Pegou o papel higiênico, feito de
material reciclado, e logo pensou que todas as bundas precisavam de um bom-dia
a qualquer hora do dia ou da noite, aquelas bundas que sofriam de insônia ou
que conviviam com hemorroidas. E, nos dias de hoje, se fossem bundas
politicamente corretas usariam papel reciclado. “Para entender o que seria uma
grande cagada, era preciso filosofar em alemão”. Riu sem graça de si mesmo.
Confessou a grande decepção pela falta de talento para criar frases humoradamente
inteligentes. Concordou que acabara de fazer uma frase idiota. E continuou a
rir, demente.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;"> Na cozinha, Zarah passava um café fresquinho.
Uau! Cheirinho bom! À mesinha redonda, alguns salames, torradas e suco de maçã.
Ela serviu o café em canecas elegantes. Leo atacou o <i>döner kebap </i>com uma
fome de mil anos. Num cantinho da mesa, um cinzeiro de metal. Zarah acendeu um
cigarro que ela mesma fez.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;"> — É mais barato fazer o próprio cigarro —
justificou-se. — Você fuma?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;"> — Parei há algum tempo, mas aceito um por
hoje, por voltar a Berlin. — Ela enrolou mais dois cigarros. — É um prazer
fatal.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;"> Acenderam os cigarros e a fumaça se misturou à
conversa de fim de noite, entremeada por algumas banalidades. Afinam-se ao
achar que as coisas banais nos roubam tempo de uma forma tão silenciosa que nem
nos apercebemos dessa verdadeira tragédia cotidiana. Seria mesmo uma tragédia a
vida feita de pequenas coisas?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;"> Zarah fez um relato de como seria sua rotina
da semana e desculpou-se por não poder dar ao hóspede muita atenção. Andava
atarefada demais com a mudança para outro país e com os desvios de uma nova
vida à vista. Cuba era o destino. Estava otimista com a viagem. O desemprego, contas
a pagar, o apartamento imenso, a falta de perspectiva, tudo isso era muita
coisa para ela no momento. Queria traçar outro rumo. Essa vontade de largar as
coisas para trás a deixava animada. Exigia muito, mas a enchia de coragem.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;"> A noite de julho era quente, abafada. Berlin
estava em festa, fervilhava com a explosão da Copa do Mundo, com a invasão de
gente de todo canto do planeta. Nas ruas mais para o centro, nas vizinhanças da
Kudamm, e para os lados do Mitte, havia muita festa e bares cheios. E em
Potsdam. Mas isso não interessava a Zarah. Nos prédios da rua onde ela morava,
não se via sequer uma bandeira alemã nas sacadas. Ela deu boa-noite a Leo e disse
que, no dia seguinte, ficaria fora o tempo todo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;"> Na manhã subsequente, o viajante acordou
tarde. Através da janela semiaberta, vinha a claridade do dia. No prédio em
frente, do outro lado do jardim, deparou-se com uma janela escancarada. Viu um
homem passar rapidamente envolto numa toalha. Velhas e conhecidas janelas
indiscretas como as dos jardins, dos pátios dos velhos edifícios de Berlin
continuavam em seus lugares. Na cozinha, sobre a mesa, uma cesta com morangos,
um mapa da cidade e um bilhete de boas-vindas deixado por sua anfitriã entre os
morangos. Leo foi até a janela, aspirou fundo e murmurou com gozo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">— Bom dia,
Berlin!<o:p></o:p></span></div>
</td></tr>
</tbody></table>
<br />Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/06070279918393230489noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-431702984149931972.post-84431800138652490442014-10-18T23:30:00.000-03:002014-10-19T00:41:33.012-03:00Na companhia de Dorothy Parker<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjC0T-Jkk9DeV_UASGXyfyYw3QX4cKBKWmCxGT4CX6sPNSzISicsqu1TxMVmc9ddMII-mebpB6IrMP6xIdJN0TlObb636MIKkrZoPLANMCKJW_HcwaxPQ0XDFNKMyh0Q04vTu3tfpRqQp_p/s1600/DDorothy42c546348bb92eb1bf16c79778f4c3b9.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjC0T-Jkk9DeV_UASGXyfyYw3QX4cKBKWmCxGT4CX6sPNSzISicsqu1TxMVmc9ddMII-mebpB6IrMP6xIdJN0TlObb636MIKkrZoPLANMCKJW_HcwaxPQ0XDFNKMyh0Q04vTu3tfpRqQp_p/s1600/DDorothy42c546348bb92eb1bf16c79778f4c3b9.jpg" height="300" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">A Round Table no Salão Rosa do Hotel Algonquin (rua 44, Oeste, NY), caricatura de Al Hirschfeld.</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<br />
<div class="MsoNoSpacing">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-fareast-language: PT-BR;">FRUSTRAÇÃO
</span></div>
<div class="MsoNoSpacing">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-fareast-language: PT-BR;"><br /></span></div>
<div class="MsoNoSpacing">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">Se eu tivesse uma arma neste momento</span><br />
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">
Teria um mundo de divertimento</span><br />
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">
espalhando balas nos cérebros, sem pudor,</span><br />
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">
daqueles que me causaram dor.</span><br />
<br />
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">
Ou tivesse eu algum gás venenoso</span><br />
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">
teria um passatempo gostoso</span><br />
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">
acabando com um número indigesto</span><br />
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">
de pessoas que detesto</span><br />
<br />
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">
Mas não tenho nenhuma arma mortal</span><br />
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">
Assim, a Fatalidade não me dá prazer tal.</span><br />
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">
Então eles ainda estão lépidos e fagueiros</span><br />
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">
aqueles que mereceriam o inferno por inteiro.</span><br />
<br />
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">(</span><i style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">Dorothy Parker. Trad. Angela Carneiro</i><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">)</span><br />
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Depois da
apresentação do CD da trilha musical de “Berlinda”, com a participação da
Berlinda Band, um grupo que nasceu junto com a gravação do disco
dirigida pelo músico Hélio Silva, eu faço uma parada e deixo a berlinda seguir
seu caminho. Agora, com o samba enredo que está nas redes sociais e no Youtube.
Foi um ano de muito trabalho e dedicação ao projeto que juntou literatura,
música e o audiovisual, mas que me deu muita alegria, me fez acalentar novos sonhos e saber,
também, que encontrar um pedaço de chão no universo da literatura é tarefa
árdua. E em meio a bienais nacionais e
internacionais e de um mercado aberto mais para <i>best sellers</i>, aprendi que o esforço para lançar um
livro, é esmagador. A questão é: encarar a próxima aventura. O meu projeto
não é desistir. Mas na jogada, o grande lance é como finalizar o gol.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<div class="MsoNoSpacing">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;"> <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;"> Algumas coisas ainda fervilham na cabeça e não
sei o quanto devo deixar maturar, quando penso que meter o pé na estrada dos
livros poderia ter sido mais cedo. Mas quando? Quando a gente sente que está
pronto para dar o primeiro passo? Acho
que não há resposta. Que o digam as biografias dos autores. De qualquer forma,
entrar no universo do livro tem que contar com uma dose de sorte para mostrar o
que deixa de ser sonho para ser produto que conquiste o leitor. Isso pode
custar muito, uma vida e até o pós-vida.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;"> Talvez
eu pudesse ter começado mais cedo, mas o jornalismo me envolveu muito, era como
bombinha de oxigênio, até o dia em que me vi fora de uma redação e sem rumo.
Nem pensava na literatura como caminho possível para uma atividade que fazia
parte da minha estrutura mental e intelectual: produzir textos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;"> Feita
essa primeira caminhada, há um tanto de esgotamento, pois escrever o livro e o
que veio depois foi uma coisa paralela pesada, uma vez que tenho de sobreviver e isso
significa trabalhar regularmente - aqui nem cabe levantar a bola do prazer e da
felicidade de batalhar pelo ganha-pão.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;"> Faço
pausa sem pausa, pois saio da frente da tela onde escrevo e me fantasio de
leitor ameaçado prazeirosamente por uma fila de livros que não tem fim. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;"> Ainda
leio ‘Dance Dance Dance’, de Haruki Murakami, que está na estante dos autores
asiáticos, que retomei recentemente. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;"> Numa
outra banda estão os autores de língua árabe que, na verdade, estou
descobrindo. Comecei a ler ‘E nós cobrimos seus olhos – uma novela e outros
contos’, do egípcio Alaa Al Aswany, traduzido do árabe para o português do
Brasil. Estou formando uma pequena biblioteca desses autores, sem esquecer que
perdi minha virgindade como leitor com as 'Mil e uma noites', há muitos anos.
Mais tarde faço uma lista do que consegui em alguns sebos interessantes.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;"> Há
a fila das releituras, encabeçada por ‘Z’, de Vassilis Vassilikos, ‘Somos todos
arlequins’, de Vladmir Nabokov e alguns casos interessantes desse cerco com o
qual me defronto.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Mas desde ontem,
por exemplo, vira e mexe meus olhos eram atraídos para uma pilha de livros
quieta num móvel da sala e um deles parecia me chamar com uma insistência fora
do normal. Como resistir?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;"><br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: right;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgtPhx4iKsSunmCLdT-TZnuPR-mP2iaP_4CZDxUow2iwKjDe1aXk5G90Gq1o6Ss2t-mQ5Og6WxkogXntMc7pzOx08LFjcakxmbnU-yZug8npbp8mFETODns8PFjugbgpYjRsPhtmAwF5vce/s1600/Dorothy.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgtPhx4iKsSunmCLdT-TZnuPR-mP2iaP_4CZDxUow2iwKjDe1aXk5G90Gq1o6Ss2t-mQ5Og6WxkogXntMc7pzOx08LFjcakxmbnU-yZug8npbp8mFETODns8PFjugbgpYjRsPhtmAwF5vce/s1600/Dorothy.jpg" height="320" width="261" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Dorothy Parker</td></tr>
</tbody></table>
<br /> </span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Hoje, antes do almoço, peguei
o livro e fui para o conto que dá título à coletânea de textos de Dorothy
Parker, ‘Big Loira’, editado pela Companhia das Letras, em 1987. É o único
livro que eu tenho dela e que me faz viajar para a década de 30, do século
passado. Pouco traduzida no Brasil, essa genial escritora, dramaturga, poeta e
crítica estadunidense (1893/1967), amada e odiada por seus contemporâneos,
morreu pobre.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing">
<br /></div>
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">No prefácio “Crise de
choro ou, de preferência, risos”, assinado por Ruy Castro, ele traça um breve
perfil de Dorothy, que era dona de uma personalidade fascinante e do qual
pincei este pequeno fragmento:<br /><br /><br /></span><br />
<div class="MsoNoSpacing" style="text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;"><i>Clare Booth
Luce, mulher do influente editor da revista Time, Henry Luce, cruzou com ela
(Dorothy Parker) numa porta giratória. As duas não se gostavam – uma maneira
suave de dizer que se detestavam. Clare era mais jovem. Cortesmente, deixou
Dorothy Parker passar primeiro pela porta, só que dizendo:<o:p></o:p></i></span></div>
<div class="MsoNoSpacing">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;"><i><br />
- As velhas, antes das belas.<o:p></o:p></i></span></div>
<div class="MsoNoSpacing">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;"><i>Parker desfechou no ato:<o:p></o:p></i></span></div>
<div class="MsoNoSpacing">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;"><i><br />
- As pérolas, antes das porcas.<o:p></o:p></i></span></div>
<div class="MsoNoSpacing">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;"><i>Enquanto Henry Luce foi vivo, Dorothy
nunca mais saiu na Time.</i><o:p></o:p></span></div>
</div>
Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/06070279918393230489noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-431702984149931972.post-10215872625528501242014-10-11T21:53:00.000-03:002014-10-11T21:53:16.301-03:00Samba da Berlinda em Berlim<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;"><br /></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;"><br /></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<iframe allowfullscreen='allowfullscreen' webkitallowfullscreen='webkitallowfullscreen' mozallowfullscreen='mozallowfullscreen' width='320' height='266' src='https://www.youtube.com/embed/fj9Z48-yl7s?feature=player_embedded' frameborder='0'></iframe></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;"><br /></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;"><br /></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;"> O samba enredo é real, mas a escola de samba
não, o Grêmio Recreativo Escola de samba Para Sempre Unidos de Berlim é pura
ficção. Essa mistura, no entanto, resultou no clip do samba “Derruba o muro, mistura
tudo e que Deus nos acuda!" (Ronald Junqueiro/Pedrinho Cavalléro) que
assina o último capítulo do romance “Berlinda – asas para o fim do mundo”.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">O CD e o clipe
foram apresentados pela primeira vez, em Berlim, em janeiro deste ano e só
agora fiz o lançamento em Belém, durante um bate papo sobre fotografia e
literatura, com direito a trilha musical com a participação da Berlinda Band,
outro elemento dessa ficção que se concretizou. O encontro foi realizado no
auditório do Sesc Boulevard, na terça-feira, dia 07 de outubro, com uma grande
alegria de fechar um ciclo iniciado há quase um ano.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">No próximo
sábado venho aqui contar um pouco mais de tudo isso. Hoje não dá, pois a cidade
está em festa e amanhã é o grande dia da Padroeira de Belém, a Virgem de
Nazaré, a grande estrela do Círio de Nazaré, que se realizada a mais de
duzentos anos, em Belém.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="margin-left: 35.4pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;"><br />
Vou deixar aqui o clip do samba e um fragmento do meu romance.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="margin-left: 35.4pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;"><br />
FELIZ CÍRIO!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div align="center" class="MsoNoSpacing" style="text-align: center;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 14.0pt;">+++++++++++<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<br />
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Outubro
transformava a cidade. Belém, querida cidade barulhenta. Outubro tinha vida
própria, e Belém despertava todos os dias em clima de festa. As pessoas
preparavam-se para o segundo domingo do mês, antecipavam dezembro e o Natal.
Vinha gente de onde nem se imaginava, pelas estradas, pelos rios, pelos voos
lotados. Era como se houvessem atiçado alguma casa de saúvas e formigas
intencionalmente. Aquela gente invadia todos os cantos em nome da fé e de
esperanças renovadas, havia promessas a serem pagas na grande procissão da
Virgem de Nazaré, a padroeira, a milagreira, como relatavam os romeiros e
devotos, adoradores da Santa, fé aprendida desde a infância. Na procissão do
domingo, os pagadores de promessas alcançadas levavam imagens de cera,
ex-votos, modelos de casas em isopor ou miriti, tijolos na cabeça, cruzes
pesadas. Crianças seguiam na romaria vestidas de anjo, homens e mulheres usavam
mortalhas. Tudo era espetáculo. Tinha cobertura das redes de televisão
estrangeiras, produtores de documentários, curtas e longas-metragens. Nem o
Vaticano conseguia atrair essa massa humana nos dias em que o Papa abençoava os
fiéis. O segundo domingo de outubro era devoção e festa. Banquete, comilança.
Família reunida e casas de portas abertas para quem chegasse. À noite, <i>shows
</i>na praça santuário e um velho parque de diversões sem novidades, com
brinquedos previsíveis. Bêbados, brigas, assaltos.<o:p></o:p></span></div>
Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/06070279918393230489noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-431702984149931972.post-54154370260315819432014-10-04T23:22:00.000-03:002014-10-04T23:24:55.093-03:00Literatura, fotografia e música no SESC<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhs52juaWr2YPIbaSY6sNSNGuH1YQiryykNpa0ngd92LvtR2ur3o8MY_S6BIZlqdZiEaO6ID6cSCi4WoTc4xIQpCzuHgX2xDauyl-oBdVRR_VFeeKz8j3jJJ-5dGwA44ayoDx5L_asQD2rB/s1600/_DSC0140_corte.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhs52juaWr2YPIbaSY6sNSNGuH1YQiryykNpa0ngd92LvtR2ur3o8MY_S6BIZlqdZiEaO6ID6cSCi4WoTc4xIQpCzuHgX2xDauyl-oBdVRR_VFeeKz8j3jJJ-5dGwA44ayoDx5L_asQD2rB/s1600/_DSC0140_corte.jpg" height="211" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Apresentação da Berlinda Band na Feira Pan-Amazônica do Livro / 2014<br />
<br />
<br />
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<div class="MsoNoSpacing" style="text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">“Berlinda” volta
à cena, desta vez com fotografia e música, na terça-feira às 18 horas, no auditório
do Sesc Boulevard, em Belém do Pará. Na sessão de leitura do romance, será
abordada a conexão entre imagem e texto durante o meu processo da escrita. Para
mim uma abordagem nova proposta pela fotógrafa Paula Sampaio que num primeiro
momento me deixou hesitante. Não sou fotógrafo profissional, mas a fotografia
sempre esteve presente na minha vida. Desde a primeira máquina que ganhei de
presente do meu pai, uma flicka, com uma trava e nenhum recurso para focar o
objeto a ser fotografado. Perdeu-se no tempo como tantas coisas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;"><br /></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Mas a fotografia
esteve presente em todo meu processo de escrita, muitas vezes servindo até de
inspiração para o meu texto. Usei fotografias de arquivos da Segunda Guerra
Mundial, da Berlim destroçada, sob escombros, do muro, de vítimas e a famosa
foto do soldado Conrad Schumann, que saltou o arame farpado e saltou para a
liberdade. A história dele me chamou muito atenção nessa imersão em imagens que
se misturaram a imagens que fiz em Berlim durante as minhas passagens pela
cidade. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;"><br /></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Em novembro fará
um ano do lançamento da “Berlinda” que entre idas e vindas, este ano foi para
Berlim participar de dois eventos internacionais e em junho foi apresentada na
Feira Pan-Amazônica do Livro, em Belém. No último evento, a apresentação contou
com a participação da Berlinda Band, grupo musical que nasceu no dia do
lançamento do romance,<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;"><br /></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Todas as músicas
foram compostas em parcerias com autores locais como Vital Lima, músico e
cantor paraense que mora no Rio de janeiro e que já teve músicas gravadas por
grandes nomes da música popular brasileira como Elizeth Cardoso, Marlene,
Simone, Wanderléa, Alaíde Costa, Lucinha Araújo, Áurea Martins, Emílio Santiago
e Herminio Bello de Carvalho, de quem é parceiro há muitos anos. Vital tem
vários CDs autorais produzidos e um deles, feito apenas com músicas em parceria
com o compositor e poeta Hermínio Bello de Carvalho, “Pastores da noite”, que
virou tema de uma novela da TV Globo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;"><br /></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Participam
também do projeto musical os compositores Albery Albuquerque, que se dedica ao
estudo de música transmórfica e aos sons dos bichos da floresta amazônica como
a onça e o uirapuru; Firmo Cardoso, compositor de hits românticos como “Ao pôr
do sol”, em parceria com Dino Souza, cantado pelo saudoso Ted Max um dos
grandes artistas do brega-romântico que se dividia entre a Amazônia e o Japão,
onde ganhou nome. No projeto, o cantor e
compositor paraense, Pedrinho Cavalléro, que completa 35 anos de carreira este
ano, entra como autor do samba enredo da fictícia escola de samba Grêmio
Recreativo Escola de Samba Para Sempre Unidos de Berlim, que ganhou um clipe já
apresentado nos dois eventos de Berlim.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;"><br /></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">O romance
“Berlinda – asas para o fim do mundo” é uma narrativa contemporânea que cobre
um período que vai de 1983, antes da queda do muro, até 2006, ano da Copa do
Mundo na Alemanha, e que conta histórias de personagens comuns que transitam em
dois cenários da narrativa: Belém do Pará, na Amazônia, e Berlim, na Alemanha.
Conta a história de Leo, personagem principal da novela, que vive e relata
também histórias que acontecem em grandes metrópoles, crônicas de amores, traições,
casamentos e separações, pedofilia, homoerotismo e a imensa solidão que
transborda na vida dele e de outros personagens.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;"><br /></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">O lançamento do
CD será feito por músicos e intérpretes de um conjunto musical que só apareceu
até agora nos eventos literários e que foi batizada de Berlinda Band, pois
todos os artistas têm suas próprias bandas e seguem carreira regular. Mas
acabaram entrando para a história do projeto que fez do ato solitário, que é o
processo de criação literária, uma virada para a participação coletiva no
romance através das músicas compostas para os principais personagens da
história. Ou da novela em forma de livro.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;"><br /></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">O CD com a
trilha sonora do romance foi produzido pelo próprio autor do romance e parceiro
nas músicas, Ronald Junqueiro, tendo como produtor artística o compositor Firmo
Cardoso. A direção musical e nos arranjos, com exceção da música “Bela
Cortesã”, que traz o violão do compositor Albery Albuquerque, ficaram sob a
batuta do músico Hélio Silva, que também lidera a Berlinda Band nas
apresentações especiais. Participaram da gravação do CD os músicos Márcio
Jardim (percussão), Gileno Foinquinos (violão acústico), Marinho Gomes
(guitarra e violão elétrico), Hélio Silva (bass e piano), JR (bateria) e Mestre
Ginja (efeitos). <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;"> </span></div>
<div class="MsoNoSpacing">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;"> Os
intérpretes também são prata da casa como Vital Lima, Simone Braga, Ivanna
Santos, Firmo Cardoso, Leo Meneses, Reginaldo Viana, Pedrinho Cavalléro e
Carlinho Sabiá, que interpreta o carro-chefe do CD e do romance, o samba enredo
“Derruba o muro, mistura tudo e que Deus nos acuda”.<o:p></o:p></span></div>
</div>
</td></tr>
</tbody></table>
<br />Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/06070279918393230489noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-431702984149931972.post-6986733845088482252014-09-27T23:59:00.000-03:002014-09-28T00:17:39.608-03:00Da imagem ao texto<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiTTCgdncHX_CIOmJKykwzlhYusgX61VtTad_8bZhveo8bnglCHIEjZrM03APsElao93uiHejg_51ihXN6zh2FjvRJZuHYcq2T-F969-3QZrDZ0UHDZn1fXiFvcKQIBOgk9Cg5cz0aQRTiJ/s1600/IMG_20140926_164159.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiTTCgdncHX_CIOmJKykwzlhYusgX61VtTad_8bZhveo8bnglCHIEjZrM03APsElao93uiHejg_51ihXN6zh2FjvRJZuHYcq2T-F969-3QZrDZ0UHDZn1fXiFvcKQIBOgk9Cg5cz0aQRTiJ/s1600/IMG_20140926_164159.jpg" height="400" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Selfie ou autoretrato, seja lá o que for<br />
<br />
<br />
<div style="text-align: justify;">
<div style="text-align: center;">
<span style="font-size: large;"><br /></span></div>
<span style="font-size: small;"><br /></span>
<br />
<div style="text-align: center;">
<span style="font-size: small;">O que dizem as imagens quando não são miragens?</span></div>
<span style="font-size: small;">
</span>
<br />
<div style="text-align: center;">
<span style="font-size: small;">E por trás das imagens onde se ocultam miragens?</span></div>
<span style="font-size: small;">
</span>
<br />
<div style="text-align: center;">
<span style="font-size: small;">E se o texto aceitar ser cúmplice dessas viagens?</span><br />
<span style="font-size: small;"><br /></span></div>
</div>
<div style="text-align: justify;">
<div style="text-align: center;">
<span style="font-size: small;">Abra as portas da imaginação, da auto-voragem</span></div>
</div>
</td></tr>
</tbody></table>
<br />Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/06070279918393230489noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-431702984149931972.post-68677699602615313472014-09-20T16:04:00.000-03:002014-09-20T16:09:36.041-03:00Sábados não podem ser clonados<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhcI_0okST8dDuLSmIv3Zm-0kOGWjJqppcoOGnDi2UGakmyHYokS-Y-oPJKGr0bO_nfyhc251EQouAn4dxR9ltem0TOOb9KnffN6jlDTQkD1LYGc3KYrJiSXEzWB2sLofXXn0iiViPvqQbK/s1600/20130531_164056pbviolet@.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhcI_0okST8dDuLSmIv3Zm-0kOGWjJqppcoOGnDi2UGakmyHYokS-Y-oPJKGr0bO_nfyhc251EQouAn4dxR9ltem0TOOb9KnffN6jlDTQkD1LYGc3KYrJiSXEzWB2sLofXXn0iiViPvqQbK/s1600/20130531_164056pbviolet@.jpg" height="640" width="480" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Cercado por partículas elementares em busca da despalavra.<br />
<br />
<br />
<br />
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Os sábados dos sábios não são os sábados
dos bêbados<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Os sábados podem ser dos poetas. Mas não
só deles.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Os sábados chegam para os indiferentes
às dores do amor<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Para os que procuram um deus numa
partícula de Bósons<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">E os vestígios que levem à fé
vislumbrada por Higgs<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Na caçada às outras partículas elementares
e ordinárias<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Da poeira que flutua no tempo a cobrir
nossas emoções.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Não me roubem o sábado que me serve de
ponte<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Para as terras do nunca ou um passeio na
tarde.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Os sábados são travessias como são
outros dias<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Mas só a eles me apeguei por motivos que
nem sei<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Os sábados se apresentam como fatos
inexplicáveis<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Mas falam por si mesmos como se fossem fotografias<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Que valem por mil textos, dispensam
legendas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Sábados me ensinaram a viver feliz na despalavra<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Como o barro onde imprimi os versos de Barros<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Aprendi o silêncio, velho amigo e cúmplice
do tempo,<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Que às vezes é quebrado pelo barulho
do relógio<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Objeto inútil a querer apressar o adeus
aos sábados.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Sábados apenas cumprem o que lhes
reserva o destino<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">A morte é apenas um lapso, a vida é mais
que um átimo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Mesmo que meus sonhos sejam desprezível
átomo<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Os sábados provocam reações químicas
infinitas<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Então me vejo a pensar nas nuvens, na
noite, na chuva<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">A revolver as lembranças em terra
encharcada<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">A umedecer meus olhos com lágrimas
abençoadas<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Pela alegria inesperada ou pela tristeza
que não domo<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">E que não se repetem assim como os
sábados. E o amor. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
</td></tr>
</tbody></table>
Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/06070279918393230489noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-431702984149931972.post-86303251364499941612014-09-13T01:42:00.001-03:002014-09-13T01:45:02.950-03:00Pra não dizer que não falei de poesia e... de flores<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjsyEroY6eI_Iamk36Lz5gjh4f2kx_Nfrk8e-fRHQrbberp0o5dFIWZDLBwvSVkYvYwKz8xmM-ZZfN-dIgFqHFxxxccwM2qTN3XRJFbSCNubAZoA4dnX7A7unLBcx7BMlmgbRy_u1UoJEFi/s1600/20140829_185638_Selo_2.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjsyEroY6eI_Iamk36Lz5gjh4f2kx_Nfrk8e-fRHQrbberp0o5dFIWZDLBwvSVkYvYwKz8xmM-ZZfN-dIgFqHFxxxccwM2qTN3XRJFbSCNubAZoA4dnX7A7unLBcx7BMlmgbRy_u1UoJEFi/s1600/20140829_185638_Selo_2.jpg" height="357" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Flores para anunciar "Inocência"<br />
<br />
<br />
<div class="MsoNoSpacing">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">1<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Há
no haver a vontade<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">da
unidade<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">2<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Eu
quero haver visto a<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Unidade<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">dualidade<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">tua
cidade<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">pátria
pétrea<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">só
cada um é um <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">e todos são muitos<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">mas
cada um é só um<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">(<i>Coda, poema de Udo Baingo, retirado do livro
<b>Inocência</b></i>)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing">
</div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;"> Poesia é coisa indecifrável se lhe atribuímos
alma de esfinge. Esse é um dos seus maiores desafios para mim quando me deixo
vagar por seus versos e vias trans_diversas da criação poética. E cada cabeça
de poeta é uma galáxia. Levaríamos a vida toda numa contagem regressiva para
explorar a menor das estrelas onde pousássemos. Esse é meu drama de leitor de
poetas, eu que já me perco em Fernando Pessoas com seus anéis saturninos e as
outras pessoas que dele derivam ou das quais ele é derivado. Difícil sair dessa
zona por onde vago desde que conheci os escritos do poeta. Elegi Pessoa como
meu chão e meu céu. Mas, de vez em quando deslizo para os lados ou dou um passo
à frente, desligo os efeitos dessa de gravidade e pego carona para outros
universos, como agora, em “Inocência”, livro de poesias de Udo Baingo, um
brasileiro berlinense com quem me correspondo há alguns anos. Primeiro, pelas
vias virtuais. Depois nos materializamos em um encontro em Berlim, quando fui
lançar meu romance “Berlinda” com a trilha musical.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;"> Apanhei o envelope amarelo sobre a mesa
da sala. Um selo azul do Luftpost, o correio alemão, com uma tirinha azul com a
palavra ‘priority’ e dois selos com imagens florais: uma Schwertlilie e uma Goldmohn.
Acho que são um exemplar da Iris germânica lilás e de uma papoula amarela. Os
selos criaram uma aura poética para o que estava no interior do envelope: o
livro ‘Inocência’ (2011), com a poesia de Udo Baingo, editado pela Futurarte
Poesia, selo da editora Multifoco, do Rio de Janeiro. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;"> De flores é bem mais simples dizer
alguma coisa, como o genial compositor Cartola a cantar “As rosas não falam”. A
poesia, como as rosas, pode exalar perfume e aí já encontro um motivo para ler
poesias com o cheiro do seu tempo, de imaginar a mão do autor desenhando sua
inspiração em versos. Mas nem por isso a poesia deixa de ser coisa indecifrável
quando dela queremos desvendar o íntimo, ir além das formas e rimas. Por isso
acho que de poesia prefiro passear na emoção que ela provoca. Poesias não são
coisas a serem decifradas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;"> Fiquei longe do Diário da Berlinda por
deixar-me ao sabor do tempo e de tantas coisas a fazer, textos a revisar,
coisas do trabalho, que me deixaram um tanto irritado. Quando chegou o livro do
Udo, foi como um recado: revise os textos do trabalho, que nem sempre dão
prazer e sim muito trabalho, mas lembre de que você está cercado de poesia.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;"><br /></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;"> Precisamos ficar atentos ao cotidiano
que pode empedrar nosso olhar e nossas emoções, a criatividade no ver.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;"><br /></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;"> Esta semana começo a roteirizar uma
apresentação de fotos feitas em Berlim, para um bate papo no auditório do SESC
Boulevard, sobre a relação das imagens com a literatura. Vou ler alguns trechos
do livro e fechar com a apresentação da Berlinda Band, que irá apresentar um
show completo com as músicas compostas para a trilha do romance.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
</td></tr>
</tbody></table>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<br />Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/06070279918393230489noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-431702984149931972.post-74363439489662534262014-08-10T19:28:00.003-03:002014-08-10T20:14:50.181-03:00Faça o que for possível<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgu-47vqWVegu-vhdjpmntU-KDAOwit4g7XTXArPEcQzrBJwiW7iCpGfWUpJO91RSBs2pmLaHoIUilFnlsEb4YCavUD4YOQ5FkzVpOU6L672PZF8vfy9e9TCbcWD3F_MjNvZhtUWRzP2qab/s1600/livrohamburgo2_A.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgu-47vqWVegu-vhdjpmntU-KDAOwit4g7XTXArPEcQzrBJwiW7iCpGfWUpJO91RSBs2pmLaHoIUilFnlsEb4YCavUD4YOQ5FkzVpOU6L672PZF8vfy9e9TCbcWD3F_MjNvZhtUWRzP2qab/s1600/livrohamburgo2_A.jpg" height="175" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Depois de Berlim, o 'Berlinda' está em Hamburgo<br />
<br />
<br />
<br />
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-color: black; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; color: white; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;">Deixei passar o sábado ao sabor de um 'dolce far niente'. Há dias assim e arrisco dizer que o seja para todo mundo. Dobrei-me ao sono e ele veio fácil. Ao meu lado, o esquerdo, 'Cândido ou O Otimismo', de Voltaire e 'Dance Dance Dance' de Haruki Murakami. Dois tempos distantes e duas culturas de extremos geográficos. Ando desse jeito, fazendo leituras paralelamente, passeio em épocas e sentimentos convergentes em relação à busca, como fazem os personagens dos dois livros.</span><br />
<span style="background-color: black; color: white;"><span style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;"><br /></span>
<span style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;">Acordei no domingo com uma pitada de remorso por esconder o sábado em sonhos. Sonho muito, sonhos com enredo, mas me sou acometido por preguiça intensa de para eles fazer um diário.</span></span><br />
<span style="background-color: black; color: white;"><span style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;"><br /></span>
<span style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;">Na sexta-feira sonhei com meus pais, que já vão longe daqui. No sábado, a mesma coisa. Todos reunidos no casarão onde morávamos e que hoje não mais existe. </span></span><br />
<span style="background-color: black; color: white;"><span style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;"><br /></span>
<span style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;">Hoje é o dia dos pais. Meu pai teve um papel importante em me ensinar um pouco sobre a serenidade do ser, contraponto da ansiedade de mama que era provocadora no sentido de que cada um de nós procurasse o bom caminho para a realização profissional e na vida. Eles estão num cantinho especial das minhas lembranças. Não consigo separar os dois nos dias de comemoração, seja o dia dos pais ou das mães, por serem unidade e complemento um do outro. O almoço ganhava um ar festivo, mas não havia o ritual de dar presentes. Os irmãos mais velhos que trabalhavam presenteavam; os mais novos, desempregados, pegavam a carona para manifestar afeto e amor a eles, feito de beijos e abraços. Uma lição para nós que nem sabíamos o que era consumismo desenfreado para demonstrar amor filial nessas datas queridas ao comércio. Mas ficou outra lição mais forte:<br /><br /> - O amor é um exercício permanente e quando deixamos de fazê-lo o amor definha e às vezes se esconde nas sombras da indiferença e acaba sendo a própria sombra. Em última instância, evapora.</span></span><br />
<span style="background-color: black; color: white;"><span style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;"><br /></span>
<span style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;">Se eu tivesse que traçar o perfil do meu ppai, Abel da Conceição Vieira, não saberia como fazer isso com precisão. Ele era tantas coisas na infância e outras tantas na adolescência e mais ainda na nos primeiros anos da fase adulta. Como posso resumir isso? Talvez numa frase simples como era ele: um homem bom.</span></span><br />
<span style="background-color: black; color: white;"><span style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;"><br /></span>
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; text-indent: 35.4pt;">É assim que me lembro dele, sempre. Principalmente nos momentos nos quais me falta serenidade para decidir o caminho a seguir. Ele sempre me incenetivava, com silêncio ou palavras, faziam com que eu acreditasse em mim. Seu Abel, um homem de bem.</span></span><br />
<span style="background-color: black; color: white;"><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; text-indent: 35.4pt;"><br /></span>
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; text-indent: 35.4pt;">Na semana passada, recebi um e-mail escrito em espanhol que me fez lembrar de meu pai com muita saudade. Imagino-o dizendo "muito bem", com os olhos brilhando de felicidade por mim e por ele. Econômico em palavras, as vezes, mas rico em afetos e gestos. A correspondência veio da Universidade de Hamburgo e informava que meu romance e o Cd com a trilha sonora do livro estavam na Biblioteca da instituição. Transcrevo e agradeço publicamente:</span></span><br />
<span style="background-color: black; color: white;"><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; text-indent: 35.4pt;"><br /></span>
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; text-indent: 35.4pt;">Estimado Ronald Junqueiro</span></span><br />
<span style="background-color: black; color: white; font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; text-indent: 35.4pt;">por intermedio del profesor Gunter Karl Pressler hemos recibido su libro: Berlinda - asas para o fim do mundo. asi como la correspondiente CD. Por ambos le agradfecemos mucho y ya los introducimos a nuestra biblioteca.</span><br />
<span style="background-color: black; color: white; font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; text-indent: 35.4pt;">Un saludo cordial desde Hamburgo</span><br />
<span style="background-color: black; color: white;"><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; text-indent: 35.4pt;"><br /></span>
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; text-indent: 35.4pt;">Gisela Hubert</span></span><br />
<span style="background-color: black; color: white; font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; text-indent: 35.4pt;">Universität Hamburg</span><br />
<span style="background-color: black; color: white; font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; text-indent: 35.4pt;">Fachbereichsbibliothek Sprache - Literatur - Medien</span><br />
<span style="background-color: black; color: white; font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; text-indent: 35.4pt;">Teilbibliothek Spanisch-Portugiesisch</span><br />
<span style="background-color: black; color: white;"><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; text-indent: 35.4pt;"><i><br /></i></span>
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; text-indent: 35.4pt;"><br /></span>
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; text-indent: 35.4pt;">Assim caminha a Berlinda. Desejo que vá bem longe e até onde puder ir, como dizia seu Abel, quando o procurava para me aconselhar: "Faça o que for possível para que tudo dê certo. Se der certo, tu o fizeste por merecer".</span></span><br />
<span style="background-color: black; color: white; font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; text-indent: 35.4pt;"><br /></span></div>
</td></tr>
</tbody></table>
Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/06070279918393230489noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-431702984149931972.post-3560451861131027942014-08-02T23:30:00.000-03:002014-08-03T11:17:37.994-03:00Próxima parada: Berlim<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEivQPd8dV0uvAGEoHzDkmPhrOj2pewNf9Ks-lkU1eBAGXtNhUo9HSgt8aidrzCCBG8izEolHySQnYSIQhgLQNcjbXMY_qtRQ5x2BWuPb84qOvG4l7S0Y9OQEE4vIWptxVTCrmM1XmJ2B_n2/s1600/20140113_235243.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEivQPd8dV0uvAGEoHzDkmPhrOj2pewNf9Ks-lkU1eBAGXtNhUo9HSgt8aidrzCCBG8izEolHySQnYSIQhgLQNcjbXMY_qtRQ5x2BWuPb84qOvG4l7S0Y9OQEE4vIWptxVTCrmM1XmJ2B_n2/s1600/20140113_235243.jpg" height="640" width="388" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">A caminho de algum lugar em Berlim. By Ronald Junqueiro<br />
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: large;"><br /></span><span style="font-size: large;">(Trecho do primeiro capítulo de "Berlinda - asas para o fim do mundo", págs 15 a 17)</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: right;">
<b><span style="font-family: 'Times New Roman', serif;"><span style="font-size: x-large;">Verão
europeu, 2006</span><span style="font-size: medium;"><o:p></o:p></span></span></b></div>
<div class="MsoNoSpacing">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Dias claros mais longos. Leo estava na
estação, sentado ao lado da mala, olhando o relógio da plataforma, à espera do
embarque no trem que partiria no meio da tarde ensolaradamente viva. Próxima
parada, Berlin. Ainda não havia movimento intenso na plataforma do
embarque. Ele chegou muito cedo. Hábito antigo, preferia chegar uma hora ou
pouco mais antes da partida. Na Alemanha, os trens saíam no horário se nada de
excepcional acontecesse, e, quando se aproximava a hora do embarque, formava-se
um formigueiro de gente afoita para entrar nos vagões já que o trem não ficava
muito tempo parado. Leo apreciava esse vaivém na estação Esperava por Zarah,
que conhecera numa festa em Colônia. Eles viajaram para Frankfurt am Main numa
sexta-feira e combinaram encontrar-se na estação naquele domingo. Os dois iriam
para Berlin1, onde Zarah o hospedaria por duas semanas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Os olhos não desgrudavam do relógio e do
placar que anunciava o próximo comboio. Martelou na cabeça a mesma ansiedade,
uma quase acusação: “Cheguei muito cedo... bom, melhor assim, já pensou pegar o
trem errado?”. Paranoia de viajante. Mas já acontecera de ele reembarcar, em
Lisboa, uma brasileira que havia pegado trem errado em Paris. Ela colou em Leo
quando ouviu que ele falava português no corredor do trem com uma garota
portuguesa que morava em Marselha, uma dançarina lisboeta com alguns quilos
acima do peso que iria visitar os pais. A nervosa senhora de meia-idade
chamava-se Maria de Nazaré, era de Belém do Pará, devota da Virgem e morava no
bairro de Nazaré. Não dava para esquecer o nome e a cara de pânico da
passageira perdida. Em Lisboa, ajudou a mulher a comprar nova passagem para
Paris. Encheu a cabecinha dela com recomendações, informações sobre duração da
viagem, paradas do trem até a <i>Gare du
Nord</i>, seu ponto final. Que fim levou Maria de Nazaré não fazia a menor
ideia. Mas esse acontecimento, tão insignificante para ele, desatou a sensação
que todos nós vivemos assim, em permanente trânsito, ou que a presença das
coisas e dos fatos é transitória na vida de cada um de nós, viram lembranças,
simplesmente. Dia de viagem deixava-o ansioso. Como hoje. Chegou à plataforma e
foi direto checar o ponto de embarque, caçar o vagão. A cabeça do viajante
funcionava como carrossel. Será que Zarah viria? Com certeza viria... Ah, que
mania essa de pensar o pior em algumas situações! Sua taxa de pessimismo estava
mais desregulada que o colesterol. Como chegaria a Berlin sem saber onde ficar,
sem um plano emergencial, sem uma intenção? O pior é que nem fizera planos...
Pô! Ninguém o aguardando em Berlin, a não ser a cidade<i>.<o:p></o:p></i></span></div>
<div class="MsoNoSpacing">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Zarah chegou em cima da hora.
Desculpou-se por não ter vindo um pouco antes. Ele nem prestou atenção ao que
ela disse. Entraram no vagão, colocaram as malas no bagageiro e acomodaram-se nas
poltronas ao lado da janela. Leo ficou na fileira do lado direito. Zarah pegou
um livro, colocou-o na mesinha central e aquietou-se na poltrona da janela do
lado esquerdo. Quando compraram as passagens em Colônia, não conseguiram
reservar poltronas contíguas. O caso agora era esperar o trem partir e tentar
trocar de assentos com algum passageiro de bom humor. O trem se reanimou, qual bicho
que rastejava até ganhar velocidade na intenção de dar o bote.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Um vagão limpo, climatizado. Tudo <i>clean
</i>demais e sem a atmosfera dos velhos romances policiais, dos filmes em preto
e branco, sem os mistérios das viagens que povoavam a imaginação com crimes
insolúveis ou mortes encomendadas, com assassinos disfarçados de passageiros
comuns, insuspeitos. Os trens modernos não tinham esse clima de suspense,
faltava a eles a luz mortiça do cenário, o som de fundo, das rodas arranhando
os trilhos e uma trilha sonora a eriçar os pelos dos braços. Zarah acompanhava a
saída do trem a distanciar-se da estação, olhar distraído através da janela.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">A viagem deveria durar cerca de quatro horas
e meia. Estariam à noite na estação central de Berlin. Leo via a paisagem
através da janelacomo se tudo viesse contra ele, na sua direção, provocando
lembranças. A janela virou tela. Janela com vidraça sem manchas, quase um
plasma de tela plana. Do ângulo em que se encontrava, podia regular a nitidez
das imagens que começavam a se formar naquele movimento do trem, hipnótico, que
o deixava meio dormente.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Do nada, uma foto em preto e branco de
uma velha revista apareceu congelada na superfície envidraçada. Miragem.
Pressentia que não estava acordado e criava ilusões, viajava pela imaginação.
De repente, a foto se animou, um soldado andou de um lado para o outro próximo
a um cercado de arame. Um grupo de pessoas conversava ao fundo. Um dia comum na
Berlin dividida. Inesperadamente, o soldado voltou o olhar para o outro lado,
correu e pulou a cerca de arame farpado, deixando para trás o que seria, mais
tarde, o muro que faria da cidade uma ilha. Sobre a imagem foi se formando uma
legenda que não traduzia o significado do salto nem a emoção do soldado. Mas
legendas não foram feitas para traduzir emoções; eram escritas, muitas vezes,
só para enfatizar o óbvio: “<i>Ein Volkspolizist springt in die Freiheit</i>”. Leo
lia a legenda e ouvia a própria voz ecoando na cabeça, como se fosse o narrador
da cena. Um estado letárgico que o deixava ausente do que se passava no
interior do vagão. Relaxou, largou-se na poltrona, cabeça meio inclinada para o
lado direito. E, nesse estado de sonolência, Leo roteirizou um filme. Câmeras!
Ação!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing">
<br /></div>
</div>
</td></tr>
</tbody></table>
Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/06070279918393230489noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-431702984149931972.post-39774516964626463162014-07-26T22:13:00.001-03:002014-07-28T18:23:41.352-03:00Caminhos e travessias<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhYjt69k_TFU1Vzd7VB_Sz7AdPnqNTEIKc-zmrtufXg2ZfoweGKx_l3FNFMScyVdUjzsWqWaGYCyiRZofP5KKkDvv5-6SDPfBNeT5-lHkz8YfhxrQ2EZcXn6F5_yHn93s-nyQntvOEc679-/s1600/Caminho.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhYjt69k_TFU1Vzd7VB_Sz7AdPnqNTEIKc-zmrtufXg2ZfoweGKx_l3FNFMScyVdUjzsWqWaGYCyiRZofP5KKkDvv5-6SDPfBNeT5-lHkz8YfhxrQ2EZcXn6F5_yHn93s-nyQntvOEc679-/s1600/Caminho.jpg" height="640" width="450" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Ruas de uma cidade. Dr. Freitas. Belém. By Ronald Junqueiro</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Depois de
Jubaldo e Rubem Alves, outro adeus de provocar tristeza foi o de Ariano Suassuna.
Quero apenas deixar marcado esse dia, no sábado do Diário. Eles se foram, mas
deixaram seus personagens, a rica prosa e a poesia para todas as gerações. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Esta semana foi
bem diferente. Entrei nas redes sociais e ofereci meu CD para amigos que já
haviam comprado o livro e, também, para que não tinha o romance. E a
reposta foi positiva. Fiquei surpreso com a acolhida. Inaugurei o serviço de “autor
delivery”, por tempo determinado. E eu
mesmo fui deixar de porta em porta as encomendas. Lembrei-me de algumas noites
boêmias no Rio e São Paulo, quando apareciam poetas e escritores se
autodenominando alternativos ou marginais oferecendo suas “crias e criações”,
em especial nas décadas de 70 e 80, quando eu sempre colocava as duas cidades
nos meus planos de férias. Olhando para trás, vejo o quanto eram invisíveis
esses personagens da noite.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Lá ou cá, o
sentimento não é outro. Não para todos evidentemente. Mas estou sentindo na
pele a invisibilidade que acompanha autores de editoras pequenas ou de edições
independentes. Mais ainda quem está dando os primeiros passos a caminho de
paraísos ficcionais. Andar nas estradas das letras pode ferir os pés tanto
quanto o caminho de brasas, lâminas e pedras. Não com a mesma dor do caminho
real, claro, e nem com tanta dor que, na verdade, é apenas figura de linguagem.
Escrever não é tortura, logo, a dor pode ser fingimento, como na poesia
pessoana.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">O certo é que
assumi o uniforme de consultor ou vendedor de cosméticos e perfumes, com todo o
respeito. Mas vamos admitir que livros e cds sejam produtos e não filhos. Envolvem
um processo de produção e pós-produção que significa custos. Por isso penso que
sonhos precisam de orçamento. As dificuldades de não ter distribuidor e uma
editora grande que banque o produto no mercado, deixam o autor refém de uma
rede de amigos e conhecidos. Não é a situação ideal, mas se a realidade é essa,
vamos jogar a favor. É o tal trabalho de formiguinha embalado no canto da
cigarra.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Eu desejo ao
romance vida longa e ao cd, idem. Acredito que foi um projeto ousado para um iniciante
que pegou gosto pelo ofício. Não é ato de loucura. Ficou tão claro para mim que
escrever é um modo de ser feliz, um abrigo, um refúgio e se eu puder me
aconchegar nessa imaginária caverna, farei isso. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Não importa o
caminho e suas surpresas, acho que a gente nasceu para caminhar, para seguir
uma trilha, tanto faz seja torta aos olhos alheios. Como digo na letra de uma
das músicas que estão no cd.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Qualquer amor é possível<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">se estou disposto<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">se o caminho é livre<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Tanto faz ser torto.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Daqui não
levamos nada na hora da partida. Se pudermos deixar alguma coisa, como uma vaga
lembrança, que seja. E que seja lembrança das boas, que possa ser plantada qual
semente na memória de quem se possa espalhar esse pouco de nós. É o melhor
pagamento. Eu quero me fazer merecedor disso tudo e no que depender de mim
farei por merecer.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<br />
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">A ideia é
próximo livro. Ele já está a caminho.<o:p></o:p></span></div>
Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/06070279918393230489noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-431702984149931972.post-78420640901233038742014-07-19T23:30:00.000-03:002014-07-20T00:27:55.682-03:00Lá se vai mais um dia assim<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiq7m3ppTJ6txSO97lESMDAvgztlzltPJzGexIVlLG_rxMob1afqb-WEMmON8i_nLXqBnBnM5LnUOkKAFkrCDVgQsGApTs2asszu8BQfVoJxCrcm9oFwlnBc9xorqCy_0nM0bo2QSJb4yL3/s1600/cais_1.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiq7m3ppTJ6txSO97lESMDAvgztlzltPJzGexIVlLG_rxMob1afqb-WEMmON8i_nLXqBnBnM5LnUOkKAFkrCDVgQsGApTs2asszu8BQfVoJxCrcm9oFwlnBc9xorqCy_0nM0bo2QSJb4yL3/s1600/cais_1.jpg" height="640" width="360" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Vida boa, vida breve, dizia o poeta Cazuza. By Ronald Junqueiro.<br />
<br />
<div style="text-align: justify;">
<div class="MsoNoSpacing">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Alguma coisa
acontece e a gente sabe do acontecido, que aquilo é verdade, mas custa a
assimilar o fato como verdadeiro. Vi a notícia logo cedo, na sexta. João Ubaldo
Ribeiro estava morto. Havia uma estranheza no ar. Mudei de canais para ver o
noticiário em outros telejornais, entrei na internet, vasculhei as redes
sociais e lá estava a notícia da morte do escritor. João Ubaldo já não estava
entre nós. Ser apanhado de surpresa nos tira dos eixos, mais ainda ao acordar.
A manhã lá fora, cheia de sol e da cidade em movimento e para dentro da gente a
manhã continua iluminada, só que é uma claridade diferente, sem sombras; tem
luz, só que a paisagem é fria, indiferente. Há tristeza em tudo, dentro e fora.
E uma enorme falta de vontade de espantar a tristeza. Ela nem é má companhia.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">É incrível como
a gente lê tanto essa gente das letras que até parecem ser nossos
parentes. Nem os conhecemos pessoalmente
e nem deles privamos da amizade. Mas nesse caso nem precisa. Os laços se fazem
sem controle e nos pegamos muitas vezes falando dessa gente sem solenidade, sem
os vermos como gente do outro mundo estelar. E a gente se pega muitas vezes
falando do João Ubaldo Ribeiro, o Jubaldo como era tratado pelos amigos, que
nem tivéssemos acabado de encontrá-lo ali na esquina e brindado à vida. Ele
gostava de um gorózinho, teve problemas com o álcool e falamos dessas
intimidades como se fôssemos testemunhas e companheiros.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Lá se foi João,
o brasileiro berlinense que conquistou o mundo com a brasilidade de poucos. Deu
adeus em um dia tão pesado, no dia em que um avião da Malásia que decolara de
Amsterdã rumo a Kuala Lumpur foi atingido por um míssil e caiu na Ucrânia,
perto da fronteira russa, matando quase trezentas pessoas que estavam a bordo,
entre elas cem estudiosos do vírus da Aids.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Vida boa, vida
breve. Nunca viveremos o bastante para dizer isso. Se olharmos para tudo o que
Jubaldo fez na literatura, vamos ver que ele se foi menino. Agora é imortal.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">A tristeza vai
evolar-se. Essa palavra me traz tantas coisas à mente, mas é de pouco uso. Evolar lembra-me
fumaça de cigarro, aqueles fios azulados dançando no ar até se desfazerem. Como
a fumaça glamurosa saindo da piteira de Marlene Dietrich, acompanhada pelo som do
gelo do uisquinho do poetinha Vinícius de Moraes, ou pela voz rouca da cantora
Maysa que cantava fumando, ou pelo menos assim me lembro de uma cena a
evolar-se em minhas lembranças. Fumaça e jazz. Faço tantas associações. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">A tristeza me
leva à contemplação. Fui atrás das águas. Parei na Estação das Docas, no meio
da tarde, comprei um sorvete de bacuri e fiquei olhando o sol e seus reflexos.
Mas a baía estava com águas meio cinzas. Tristeza é pra sentir. Não há o que
pensar. Só lembrar e sentir. No paralelepípedo irregular soam passos. A água da
baía lembra infância. As ilhas do outro lado de Belém, aventuras e travessuras
de férias com a família.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">E a tarde passa,
há outras coisas a fazer...<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
</div>
</td></tr>
</tbody></table>
<br />Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/06070279918393230489noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-431702984149931972.post-37602124692797513042014-07-12T23:30:00.000-03:002014-07-13T00:20:56.687-03:00Páginas flutuantes<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjzy2RjcrPwqFYBHE_rt_5inXlT91w0iiPLHb-ZhKzY7TEBhqw7SHyTXFzd5zkZ5pRIVvYiW4co389SK0U1Gt6K6IBh7g97rh4d8eqtYm2CBPobmE0-4hWD22gDiN0jROjp1D9i5y6SJLaz/s1600/haikai.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjzy2RjcrPwqFYBHE_rt_5inXlT91w0iiPLHb-ZhKzY7TEBhqw7SHyTXFzd5zkZ5pRIVvYiW4co389SK0U1Gt6K6IBh7g97rh4d8eqtYm2CBPobmE0-4hWD22gDiN0jROjp1D9i5y6SJLaz/s1600/haikai.jpg" height="640" width="416" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Mergulho em em águas profundas. By Ronald Junqueiro<br />
<h2>
<span style="font-size: large;"><span style="font-family: 'Times New Roman', serif;">Na escuridão</span></span></h2>
<h2>
<span style="font-size: large;"><span style="font-family: 'Times New Roman', serif;">andando e
tateando</span></span></h2>
<h2>
<span style="font-size: large;"><span style="font-family: 'Times New Roman', serif;">com o coração</span></span></h2>
<div align="center" class="MsoNoSpacing">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;"><br /><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Sabadão da Copa.
Holanda leva o terceiro lugar mandando o Brasil para o quarto. 3 x 0. E assim sigo
em frente. Vou à praça torcer pela Alemanha, neste domingo, na final com a
Argentina. Estou na torcida pela a Alemanha, por várias razões, agora com um
cordão umbilical literário, com o surgimento de “Berlinda”. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">No meio da
tarde, depois de uma paradinha no Facebook para ver as reações dos brasileiros
diante do resultado pífio alcançado pela Seleção Canarinho. Foi decepcionante a
eliminação do Brasil, que sediou a Copa, da maneira em que se deu. A goleada
inacreditável dada pela Alemanha, que terminou no 7 x 1 e que ameaçou ser mais.
Não morro de vergonha como milhões de apaixonados pelo futebol. Encaro o
resultado com frieza: o Brasil, que ainda não se curou da síndrome dos craques,
nem mesmo depois da derrota, sabe o que é equipe, time e apostou fichas no
Neymar, jogador talentoso e criativo, mas que não era e nem será o salvador da
Pátria de Chuteiras. Infame o que fazem os marqueteiros, cartolas, patrocinadores
e a mídia com um exército de jornalistas e comentaristas a afirmarem até o fim
que o melhor da seleção era Neymar, o pintinho do cocô de ouro para esse
exército de comprometidos e interessados apenas em dinheiro, em enriquecimento sob
as bênçãos da CBF e FIFA.<br />
Passou como passam as estações.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Mas o que o
futebol tá fazendo aqui? Só marcando
presença. Também faz parte do diário da Berlinda que pode ir onde quiser.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Pois vem,
voltando do desvio, conheço um livreiro brasileiro que mora em Berlim e que é
dono da “A Livraria”, que tem muitos títulos brasileiros à venda. Hoje
encontrei com ele numa das postagens da rede e ele me disse que o meu livro
está à venda na sua livraria. Está à venda por 20 euros. Fiquei superfeliz com
a notícia e ela me dá disposição de encontrar outros caminhos para fazer meu
romance circular. É um mercado difícil, como falei outras vezes aqui, em
especial para escritores independentes como eu, publicados por editoras
pequenas – isso não tem nada a ver com qualidade do produto, apenas com dificuldade
de distribuição.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Para escritores
fora do circuito das grandes editoras é, realmente, participar de uma maratona
sem uma boa musculatura. Mas isso também não pode ser motivo para fazer
desistir quem quer se lançar em uma aventura literária. Mais do que antes, vejo
que o mundo é cheio de histórias que podem ser contadas e que essa vidinha
comum como muitas vezes a gente fala, principalmente quando anda de fogo baixo,
tem gente incrível e personagens capazes de nos surpreender se topamos com eles
em alguma esquina, onde dê para fazer uma paradinha para conversar. Passei
muito tempo achando as histórias da minha família e de amigos próximos tão sem
graça e agora, depois de colocar o pé na terra dos escritores, vejo tudo de
forma diferente.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Atribuímos uma
condição especial nessa instância literária para olhar o mundo por onde
transitamos, mas se nos déssemos conta de que essa condição especial na verdade
é nosso cotidiano, creio que estabeleceríamos uma nova relação com tudo o que
nos cerca, penso que poderíamos olhar o mundo maravilhado com o que nós podemos
aprender, a nos aventurarmos de uma forma mais livre e verdadeira, sem tantas
simulações sociais. As pessoas que estão por perto são cheias de histórias para
contar, basta que a gente pare para ouvi-las.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">A experiência da
“Berlinda” me deixou esse legado. Há momentos em que olho tudo como página em
branco pronta para ser preenchida e outras vezes ouço como se virasse páginas
já escritas, prontas para impressão. Não há velhas histórias, tudo é muito
pulsante em nossa volta e é matéria que pode ser transformada em narrativa.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Assim se dá com
música, outro momento de criação que é incrível. Hoje comecei a ler e estudar
um pouco de haikai. Há muito tempo eu andava namorado esse tipo de poesia
japonesa. É uma arquitetura fascinante construída com dezessete sílabas. Isso
me remeteu aos modos modernos de escrever como a onda de escrever nano contos
com o mesmo número de caracteres usados no Twitter. Esse minimalismo da fala
que as pessoas levam para o altar como o formato para a velocidade do mundo moderno,
condenado à falta de tempo, é uma pregação mentirosa. O Haikai veio antes do
Twitter. <b><o:p></o:p></b></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Vejo de outra
forma: a fala ou a escrita podem ser minimalistas ou nano escritas para dar
precisão à fala, á poesia, à prosa, ao diálogo.
Não deve ser encarada como economia de palavras, mas de construção e de
plasticidade. Comecei a fazer exercícios que penso publicar aqui no blog, tenho
só que amadurecer mais essa ideia e buscar um motivo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div align="center" class="MsoNoSpacing">
</div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Estou meio sem
gás para continuar a escrever. Mas volto.
Bye, bye.<o:p></o:p></span></div>
</td></tr>
</tbody></table>
<br />Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/06070279918393230489noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-431702984149931972.post-62101358895273728022014-07-05T16:56:00.001-03:002014-07-05T16:57:38.957-03:00Literatura com música na Berlinda<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi2j3suAVjd0eLtu7g4tYioVGDjVDkgLlkrlmxllBXGF-fkVo9QsfgIIwRlKyWmF4Jo91km2IwY5ytsHXgfj6RiuAXwxUuCbkCYyah6iFEDnbP973lKOJkhQC2HCR2my5F-iAoYSVwU6QuO/s1600/20140705_144935AB.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi2j3suAVjd0eLtu7g4tYioVGDjVDkgLlkrlmxllBXGF-fkVo9QsfgIIwRlKyWmF4Jo91km2IwY5ytsHXgfj6RiuAXwxUuCbkCYyah6iFEDnbP973lKOJkhQC2HCR2my5F-iAoYSVwU6QuO/s1600/20140705_144935AB.jpg" height="640" width="354" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">A Seleção da Berlinda. By Ronald Junqueiro<br />
<br />
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Nota triste da
semana: saída do Neymar da Seleção por causa da entrada dura do jogador da
Colômbia Zuñiga, aos 40 minutos do segundo tempo, que causou fratura na
vértebra do brasileiro. Torcemos agora para a recuperação de Neymar.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Mas a
sexta-feira veio com boas novas. Depois do meio dia enfrentei um engarrafamento
horroroso na BR para chegar à transportadora que trouxe os CDs com a trilha
musical do romance “Berlinda – asas para o fim do mundo”. Com isso, fecho o
ciclo do projeto que elaborei para escrever um romance com trilha sonora que,
até onde sei, é um projeto inédito. O
sonho de trabalhar literatura e música simultaneamente foi realizado com muita
alegria e o melhor de tudo foi o coração aberto com que foi adotado por
artistas - músicos, compositores e intérpretes – que disseram sim sem
pestanejar.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">A poeira não
sentou, mas só agora, posso pensar no que foi esse processo e no tremendo
esforço que foi roubar de Midas o toque que iria dourar o sonho realizado. Mas
veio só o toque e a realidade de que produzir cultura no Brasil – só posso
falar daqui – é candidatar-se a uma camisa de força. Não discuto qualidade, mas
processo e nesse sentido, sempre me lembro de Elis Regina falando em uma
entrevista que o espetáculo (cultura) no Brasil era hollywoodiano, mas a
produção era macunaímica. Não foi diferente
no caso do livro e do CD, que foram possíveis, pois contra essa corrente que
puxa para trás, topei com muitos amigos que acreditaram no projeto e que me fizera
entender que se você acredita no que faz, se há verdade no que você se propõe,
siga em frente sem atropelar ninguém.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Não falo isso em
tom de lamento. Se tivesse disposição, engrossaria a crítica aos que estão
provisoriamente sentados numa cadeira reservada aos podres poderes, priorizando
tudo o que lhes garanta a permanência monárquica ou republicana, menos cultura –
e aqui tudo o que se refere à criação artística) e educação.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Vivo um instante
em que a alegria vence o cansaço e o desânimo, mas sei que, de fato, esse
instante não é pontual, pois as mudanças que estou experimentando para me
entender melhor neste mundo e no meu tempo – por, sem interpretações esotéricas
– são de uma riqueza incalculável. Isso porque acredito que posso ser uma
pessoa melhor, que me possa me desfrutar com mais prazer em mínimas coisas como
ir ali à janela olhar a rua e olhar pessoas que passam mais embaixo, tecendo
seus sonhos íntimos, buscando solução para seus problemas e imaginando a
felicidade. O ser humano é imbatível, digo isso, pois não conheço um extraterrestre
– sempre quis, mas meus vizinhos são normais. Será?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;"> Outra
coisa boa é que vou preparar um sarau lítero-musical com a participação dos
rapazes da Berlinda Band, exibição do clipe do samba enredo “Derruba o muro,
mistura tudo e que Deus nos acuda”, do Grêmio Recreativo Escola de Samba Para
Sempre Unidos de Berlim, na voz cheia de alegria do cantor Carlinhos Sabiá e
com um arranjo fusion do músico Hélio Silva, que dirigiu a gravação e que
lidera a Berlinda Band. Aproveito para lançar o CD e relançar o romance.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;"> Sinto
um gosto antecipado de quero mais, pois a partir daí o romance e o CD deverão
seguir sozinhos, sem novos eventos. Se conseguirem ir até onde a estrada os
poderá levar, creiam que estou na torcida. Acredito que fiz um projeto capaz de
baixar em qualquer praça. Mas confesso que é trabalho pesado, que o desafio
para os produtores independentes ou alternativos é pior que o dos 300 de
Esparta. Precisam dos amigos e da sorte. Sou sortudo por ter os dois.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Em outubro o
romance e a música voltam ao palco no sarau “Noite da Berlinda”. Ninguém vai
precisar pagar para viver essa noite com música e literatura.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Mais pra frente, informarei onde o livro
e o CD serão vendidos. São dois produtos independentes. Quem compra o livro não
tem que necessariamente compra o CD e vice-versa. Mas duvido que quem leve o CD
não queira saber que personagem ganhou uma música só dele.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">A música é uma
coisa que marca a memória de todos nós, em algum momento da vida, nem que seja
a marcha nupcial. Bem melhor que os réquiens e outros temas fúnebres. Aliás,
acredito que velório deveria ser agitado por <i>allegros</i> e outros ritmos <i>calientes</i>.
Pelo menos o meu recomendo que seja assim. Resisto à ideia de ser triste.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;"><br /></span></div>
</td></tr>
</tbody></table>
Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/06070279918393230489noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-431702984149931972.post-37962376009321589662014-06-28T23:30:00.000-03:002014-06-29T01:11:00.547-03:00O universo de cada um<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjfpZ2hx2ZVBBr1gZQDh8COjhx58-CnB9RsB8z90EjBUqDYNFhA3KzHbdN9N6IGoie74uwqqnquUHmvsnahFlbZDZMDUQrGaeTuwzFyzGr3qOt615qJyPhyphenhyphenJNTtBTJlSon6X-E9_yRMebJV/s1600/206.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjfpZ2hx2ZVBBr1gZQDh8COjhx58-CnB9RsB8z90EjBUqDYNFhA3KzHbdN9N6IGoie74uwqqnquUHmvsnahFlbZDZMDUQrGaeTuwzFyzGr3qOt615qJyPhyphenhyphenJNTtBTJlSon6X-E9_yRMebJV/s1600/206.jpg" height="370" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">O universo da literatura guarda mais mistérios do que sonha a vã filosofia. By Ronald Junqueiro</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<br />
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Ainda em ritmo
de Copa. Hoje, o Brasil quase dança no Mineirão ao enfrentar o Chile. Decisão
foi para os pênaltis. Não fosse uma trave no meio do caminho, o sofrimento
seria maior. A trave, a pedra, Drummond. É incrível como somos levados pelo que
lemos. Na estreia da Alemanha, em Salvador, com uma goleada de 4 x 0 em
Portugal, a cena que mais me inspirou foi a foto da chanceler Angela Dorothea
Merkel, virando um canecão de chope para comemorar a vitória, bem mais do que
ela cercada pelos jogadores no vestiário. Imaginei o quanto ela devia estar feliz,
bem mais que a presidente Dilma Roussef, vaiada e atacada com palavrões, manifestação
nada patriótica e desrespeitosa. Oposição se faz de outra forma e desemboca na
urna.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">E assim as
memórias são construídas. Em “Berlinda – asas para o fim do mundo” a Copa na
Alemanha embala algumas cenas do romance e Angela Merkel aparece num momento
dando força ao time derrotado. Para mim, um discurso da chanceler consolando
seus cidadãos e sem emoção, mas como a mãe cumprindo o dever em acolher a
pátria, na tristeza. Foi preciso ter o Brasil no caminho para a Merkelzinha
tirar o ranço da autoridade – sem perder a autoridade – e comemorar com verdade
o que estava sentindo. Simpática, ela. Mostra uma dureza feita de matéria
flexível, que lhe permite ser um simples mortal. E quem sabe se a sede de
alegria não foi coisa da Dorothea? Tomara que ela tenha tomado um porre e tenha
se jogado em cama feita de lençóis de seda e de felicidade.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Todas as duas
mulheres são personagens riquíssimos para contadores de histórias, mas não os
que são contratados para urdir narrativas oficiais. Ou se fossem contratados,
deveriam ter sensibilidade afinada para saber que essas senhoras têm formas e
cheiros.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Parei em frente
da televisão e ouvi depoimentos de dois escritores brasileiros: Lourenço
Cazarré e João Gilberto Noll. O que une os dois e todos os escritores em
relação ao mundo é a palavra, mas a palavra constitui um universo que se
transforma e se multiplica por conta da emoção.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">É uma riqueza
ouvir o que eles dizem. E eu sempre tive uma forte impressão que escritores não
eram pessoas para a fala e que a escrita era sua expressão absoluta. A escrita
é a fala, seja na prosa ou na poesia.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">São os imortais
mortais e sentem, vivem angústia e sonhos, desejos e cansaços. Tudo regido por
uma disciplina imposta pelo desejo de se concretizar na palavra. Ser um
contador de história como se declarava Garcia Marques e como se projeta o
gaúcho Lourenço Cazarré.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Há temas que são
recorrentes como a solidão. Linda fala de Noll ao dizer que se sentia cansado
da solidão necessária para escrever e a paixão pela palavra, pela sintaxe e
pela musicalidade que há nessas construções da escrita.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Há muito que
aprender e vivenciar como andarilho do universo literário. Podemos domar as
palavras, mas não tempo e essa é a equação.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;"><br />
<!--[endif]--><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Admiro Cazarré
por estabelecer uma relação prática com os romances juvenis, que não passam das
100 páginas. Um ponto de equilíbrio para o que ela chama de literatura adulta,
que tem um ritmo menos acelerado e que o assalta na questão de tempo. Definiu
uma linha para contar história a partir do cânone literário. Defende que as
histórias têm começo, meio e fim e que não se preocupa em fundar uma nova
literatura.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Mas João
Gilberto Noll me chama a atenção quando se diz um “escritor da linguagem” e
nesse modo artesanal de construir o romance depois que acha o tom. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">No meu entender,
esse tratamento artesanal da palavra podem até alcançar o que o escritor
acredita: literatura como tesão para leitor. Literatura pode ser erótica.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Será que precisaremos
de mil e uma noites para provar do erotismo criado pelas palavras, sem que a literatura
venha embalada num rótulo mal-ajambrado de “literatura erótica”? Somente o
leitor poderá dizer. <o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/06070279918393230489noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-431702984149931972.post-52407224199289504732014-06-21T00:45:00.001-03:002014-06-21T00:47:47.068-03:00Breve viagem ao meu redor<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjq3Ufacvse1NZHMWNGPdQmN93zQ7AIpbmhxvyxQc3HlxCdDAD8H1RbQzeOSx0ZX-aEwy1vh3ZN4VZtLSSgJSHVkr10Idwo_CRshNJ6VCjcVLs31QqtldzMidC8ZIqAAuTjua4TYJM0c9zm/s1600/20130205_135946_A.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjq3Ufacvse1NZHMWNGPdQmN93zQ7AIpbmhxvyxQc3HlxCdDAD8H1RbQzeOSx0ZX-aEwy1vh3ZN4VZtLSSgJSHVkr10Idwo_CRshNJ6VCjcVLs31QqtldzMidC8ZIqAAuTjua4TYJM0c9zm/s1600/20130205_135946_A.jpg" height="640" width="480" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Ao som da chuva que traz a alegria para os dias de verão. By Ronald Junqueiro<br />
<br />
<br />
<div style="text-align: justify;">
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 12pt; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">Ando com ímpetos de fazer poesias – sempre acreditei que poesias são feitas e não, escritas – mas me sinto aprisionado em mim. Em algum momento me perdi nas rimas, nos versos, na métrica e no olhar poético, que bebeu por anos a fio Fernando Pessoa e suas pessoas e outros poetas. Meu olhar em volta está sedento, seco que nem seca nordestina, murcho entre Gobi e Saara. Preciso alargar o caminho para que haja margens poéticas. Preciso estar atento aos atalhos que sejam oásis para a contemplação e o sonhar. Todos nós buscamos essa pausa para experimentar emoções em todos os sentidos, para deixar o coração livre ao ritmo do desassossego que alteram os batimentos durante as descobertas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 12pt;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">Para ler enquanto viajo na Berlinda.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 12pt;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;"><br />Não sei se é boa ou má companhia</span><br />
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">a tristeza discreta e difusa</span><br />
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">que se posta perto de mim.</span><br />
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">mas que não disse a que veio.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">Não quero saber dos seus planos.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">Ficará aqui na sala?</span><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 10pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">Atiçará meus desenganos,</span><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 10pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">- tantos que perdi a contagem?</span><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 10pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">Ou irá consolar a rainha</span><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 10pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">depois do embate entre</span><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 10pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">Costa Rica e Inglaterra?</span><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 10pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">Que se vá para Buckingham</span><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 10pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">onde a tristeza é real.</span><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 10pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">Devo ou não leva-la a sério?</span><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 10pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">Falta-me humor</span><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 10pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">para rir dos mistérios</span><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 10pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">e dos sortilégios</span><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 10pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">Como olhar a vida com simplicidade</span><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 10pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">daquelas que libertam os olhos</span><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 10pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">até mesmo quando eles adormecem?</span><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 10pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">Vejo o quanto desaprendi</span><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 10pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">a me desarmar diante da paisagem</span><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 10pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">a olhar para mim sem restrição</span><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 10pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">sem remorso e com mais ternura.</span><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 10pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">Há uma tristeza difusa,</span><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 10pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">sem eira nem beira</span><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 10pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">sem casa para pernoitar</span><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 10pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">sem moedas na algibeira</span><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 10pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">em busca de aconchego</span><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 10pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">sem quintal com fogueiras</span><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 10pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">para atirar-se feito vampiros</span><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 10pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">que perderam o gosto pela morte-vida</span><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 10pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">que perderam o gosto pelo sangue</span><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 10pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">que abominam o tempo tedioso</span><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 10pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">que corre nas veias das virgens</span><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 10pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">dos belos rapazes da noite</span><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 10pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">dos bandidos e malfeitores</span><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 10pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">ou da criança abandonada.</span><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 10pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">Dito desse jeito estou certo</span><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 10pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">que a tristeza há de suportar minha indiferença</span><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 10pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">com paciência de Jó e sabedoria zen</span><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 10pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">Pois que espere e entenda minha impaciência!</span><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 10pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">Que considere minha falta de tempo</span><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 10pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">que leve em conta meus interesses</span><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 10pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">que não menospreze a solidão</span><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 10pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">que aqui chegou bem antes</span><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 10pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">quando eu carecia de companhia</span><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 10pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">e a volúvel tristeza andava</span><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 10pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">em lugar incerto e não sabido</span><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 10pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">esbanjando coqueterias</span><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 10pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">Não me chame de egoísta</span><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 10pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">com tanta leviandade</span><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 10pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">há outros cantos na casa</span><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 10pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">onde ela pode aquietar-se.</span><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 10pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">Sugiro que deixe suas coisas</span><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 10pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">entre os livros da biblioteca</span><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 10pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">lá há outras tristezas</span><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 10pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">histórias que lhe farão bem</span><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 10pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">algumas escritas com tanto esmero</span><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 10pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">que até eu mesmo choro</span><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 10pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">como se pranteia no desterro.</span><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 10pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">Olho de soslaio a tristeza</span><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 10pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">e juro que dela me compadeço.</span><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 10pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">Fantasiou-se com todo esmero</span><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 10pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">que até me põe sombras no olhar.</span><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 10pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">Pobre tristeza!</span><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 10pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">Poderia dizer-lhe que a porta da rua</span><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 10pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">é serventia da casa, ponha-se daqui!</span><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 10pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">Em tom de impropério.</span><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 10pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">Perdoe-me a indiferença</span><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 10pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">com a queda dos impérios</span><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 10pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">onde reinaram gloriosos seus ancestrais.</span><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 10pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">Entenda que aqui não é um reinado</span><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 10pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">mas sei construir pontes levadiças</span><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 10pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">contra as suas intempéries</span><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 10pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">e seu poder de fogo.</span><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 10pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">Não preciso de exércitos</span><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 10pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">nem de mercenários</span><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 10pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">para desarmá-la.</span><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 10pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">Basta que eu apague a luz,</span><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 10pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">deixe a sala e vá dormir.</span><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 10pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">A noite passará e o dia virá,</span><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 10pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">não queira antecipar as horas</span><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 10pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">achando que o sol</span><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 10pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">virá para o café da manhã.</span><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 10pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">Os dias são nublados</span><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 10pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">mas a chuva pode trazer alegria</span><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 10pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">que vem molhada e rindo</span><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 10pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">como criança que não evita</span><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 10pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">a poça d’água e fica inebriada</span><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 10pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">com o cheiro da terra molhada</span><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 10pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">e das flores que dançam no jardim</span><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 10pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">vizinho do meu imenso pomar.</span><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 10pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">Ah, que tristeza difusa</span><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 10pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">que se esconde sob camadas de véus!</span><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 10pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">mas que não conhece Sherazade</span><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 10pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">nem da alcova os segredos</span><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 10pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">nem a chama que em mim arde</span><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 10pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">por amor que virá sem alarde.</span><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 10pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">E ainda que lhe pareça tarde<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">Isso não significa que seja o fim.</span></div>
<div>
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;"><br /></span></div>
</div>
</td></tr>
</tbody></table>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/06070279918393230489noreply@blogger.com0