sábado, 26 de outubro de 2013

Samba da berlinda

Tela do smartphone: grafiti virtual. Quando fico puto ou angustiado, desenho, risco,
faço colagens e dou asas à imaginação para colocar a cabeça no lugar.


Estou com uma baita preguiça de escrever hoje. Prometi publicar a capa do livro, mas descobri que a editora me mandou somente as provas em PDF e não a imagem, daí não dá para editar. Sorry...

Depois da segunda-feira da próxima semana pedirei uma cópia em baixa resolução da imagem e publico.

Há dez dias o livro foi para a gráfica e começou a fase do desapego. No momento, dedico-me a outro projeto que se casa com a literatura: a trilha sonora do romance que parou em 2012, por conta dos acidentes de percurso e acidentes mais graves como a queda que sofri em Tokyo e que me levou para a mesa de cirurgia, onde ganhei uma prótese de titânio na coxa direita. A dor me transformou e além de testar minha resistência por ser um humano de tutano, agora sou também um homem de titânio, um ser titânico, mas não um titã.

Como no livro há o samba-enredo de uma fictícia escola de samba, compus a música com o parceiro desta aventura, Pedrinho Cavalléro.  Mas não parou por aí. Chamei outros bambas como Vital Lima, Firmo Cardoso, Albery Albuquerque e Walter Freitas.

Originalmente, o projeto, que foi aprovado pela Lei Rouanet, foi concebido para fechar uma trilha sonora com vinte músicas, correspondentes aos vinte capítulos do romance, que à época referiam aos 20 anos de queda do muro de Berlim. Mas perdi os prazos por ter ficado hospitalizado no Japão e não ter condições de tocar o projeto e fui vencido pelo desânimo. O samba, intitulado "Derruba o muro, mistura tudo e que Deus nos acuda!", é a apoteose do romance.

O desânimo pode ser coisa momentânea. Na verdade esse estado de espírito não quer dizer que não haja saídas que possam nos levar a abrir a porta para o esquecimento ou destrancar outras para novos impulsos e experiências.

O projeto virá pela metade. Apenas dez músicas serão gravadas. As outras dez virão à luz como poesia à espera de serem musicadas, um dia. Se este for o destino delas, quem sabe venha o CD “Berlinda – asas para o fim do mundo”, volume II?

No dia 11 de novembro – é uma segunda-feira que espero seja um momento de bons encontros e de alegria - lanço apenas o livro, às seis e meia da tarde, no Espaço Teatro Estação Gasômetro. Mas o romance voltará para uma segunda temporada no próximo ano, já com o disco em sua companhia.

Tudo isso parece um sonho, mas aprendi também que é uma tremenda balela acreditar que sonhar não custa nada.

Nem a propósito, parei em frente à televisão, no domingo, dia 20 de outubro, na chamada para a matéria sobre a disputa de sambas-enredos da Portela do carnaval de 2014. Quem quiser saber mais, siga o link.

Sonhar é investimento e teve compositor que desembolsou até R$ 50 mil para tentar levar o samba para a avenida. Esquema pesado para três dias de folia e brincadeira que acabam na quarta-feira de cinzas e que leva muita gente ao desespero no dia do resultado, como se fosse o dia do juízo final.

Definitivamente, a produção cultural no Brasil - não sei se para alguns poucos é diferente -, para a maioria é como autoflagelar-se com silício, considerando o ato como figura de linguagem, claro, para não levar a coisa ao realismo extremo envolvendo o sadomasoquismo.

Produzir cultura não é prioridade num país que leva a educação ao rés do chão. Cultura e educação parecem esqueletos do porão. Que país é este?

E daí o Brasil oficial foi para a Feira do Livro de Frankfurt querendo vender uma nova imagem do Brasil sem futebol, carnaval e mulatas. Diante disso, por que não fazer um carnaval na Alemanha? 

Do Brasil SOS ao Brasil! Aplausos a Luiz Ruffato!

É tão cheio de improvisos e amadorismo produzir alguma coisa, muito mais do que sonha a nossa vã filosofia. Não dá para ser flexível quando se trata de cair na real. E para mim, que ando com a cabeça cheia de caraminhola e ideias, a overdose de decepção é perigo constante.

Tipo assim, estava eu fazendo contas dos caraminguás que tenho para me enquadrar em dois orçamentos apresentados para produzir o CD e tive uma dessas recaídas no caminho: que tal fazer um clipe do samba da berlinda? Pus a ideia no papel, desenhei possíveis roteiros e fui à cata de informações. Desisti no ato e apaguei os cinco minutos da cabeça, tempo que pensei para o audiovisual. E não poderia ser diferente: o clipe é coisa de produtora para sangrar qualquer úlcera em estágio inicial.

Prepare-se que a bomba bem poderia ser anunciada pelo macaco Simão:

Buemba! Buemba! Buemba! Para concretizar tal singela ideia o autor precisaria de 30 a 40 mil reais. Será que isso é real? Pelo sim, pelo não eu caí na real.

Vou arriscar fazer a trilha de música do romance, pois ela tem um destino mais ou menos traçado: O CD e o livro estão cotados para um lançamento lítero-musical em Berlim. Próxima parada: janeiro de 2014.

Vou à luta!



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